O Casa Velha Reserva de 1974 -um tinto da revolução- é emblemático do pioneirismo da Adega de Favaios na criação de marca e comercialização direta de vinhos DOC Douro, e hoje, volvidos 50 anos, as novas colheitas Casa Velha confirmam a consistência e a qualidade da marca

No ano em que celebramos 50 anos da Revolução do 25 de Abril, o rótulo do Reserva tinto Casa Velha de 1974 assume um simbolismo reforçado. Aquela marca estampada em vinho engarrafado confirma a aposta da Adega Cooperativa de Favaios na valorização das uvas dos associados e dos vinhos que produz desde longa data.

Para esta afirmação dos vinhos DOC Douro contribuíram os investimentos em equipamentos e infraestruturas, realizados no início do século XXI. Esse esforço e a qualidade das uvas dos associados permitiram que a cooperativa “tenha vindo a produzir de forma consistente brancos de qualidade notável”, lembra Miguel Ferreira, diretor de enologia da adega.

Os vinhos brancos Casa Velha Reserva e Grande Reserva da colheita de 2022 que agora chegam ao mercado são disso exemplo, acrescenta o enólogo: “São vinhos feitos a partir das uvas dos melhores viticultores e das melhores parcelas do planalto de Favaios, conhecimento que temos vindo a adquirir, de forma sistemática, nas últimas duas décadas, e que nos permite obter ótimos resultados”.

Reflexo dessa aposta na qualidade é também o Casa Velha Reserva tinto. Esta referência estreou-se no mercado com a colheita de 1974. Desde então, a Adega produz este tinto Reserva do planalto de Favaios sempre que a qualidade do ano vitícola o permite. As edições mais antigas e emblemáticas do Casa Velha Reserva são as de 1978, 1981, 1985 e 1998. A partir da viragem do milénio, a adega passou a produzir este vinho de forma mais consistente. O Casa Velha Reserva tinto de 2021, lançado este outono, é a 11º edição do século XXI.

“O trabalho iniciado em 2001 nos brancos começa agora a alargar-se aos tintos. Estamos numa zona privilegiada para os brancos, mas a evolução climática tem revelado parcelas de vinhas tintas de grande qualidade, especialmente nas encostas entre os 250 e 400m”, contextualiza ainda o enólogo da Adega.

A Adega de Favaios comercializa vinhos não fortificados do Douro, brancos e tintos, desde os primeiros anos da sua fundação (1952). Documentos históricos indicam que em 1957 a cooperativa tinha já um representante em Lisboa para venda dos seus “vinhos de pasto”, os quais mereciam “boa aceitação” e “honrosas referências”.

Inicialmente vendido em garrafões que seguiam para o Porto e Lisboa, Minho e Trás-os-Montes, estes vinhos de mesa passam a ser comercializados em garrafa a partir de 1961, num esforço de valorização deste tipo de vinhos, face ao granel ou mesmo ao garrafão. A aposta na comercialização direta e criação de marcas é, aliás, um aspeto diferenciador e inovador desta cooperativa do planalto de Favaios e foi substancialmente reforçada a partir de 1974. O lançamento de vinhos VQPRD/DOC e o registo de marcas nas décadas seguintes vêm confirmar a Adega de Favaios enquanto player de relevo no comércio de vinhos do Douro.

“A aposta na qualidade sempre foi, de resto, um aspeto que a Direção considerava essencial para alcançar uma imagem de prestígio no mercado”, sintetiza o historiador Gaspar Martins Pereira, no livro “Favaios, História e Património”.

Os últimos investimentos da Adega de Favaios permitiram a construção de um novo armazém e a aquisição de equipamento para a fermentação de brancos, aumentando a capacidade de vinificação desta categoria de vinhos para mais de 600 mil litros. Esta expansão representa um investimento de 1,4 milhões de euros e está em fase de conclusão.

Mantendo a aposta na qualidade, também em 2024 teve início a aquisição de equipamento para uma pequena adega dedicada à vinificação de categorias especiais, quer de DOC Douro, quer de moscatéis. Com um investimento total de 237 mil euros, a realizar entre 2024 e 2026, esta nova unidade tem como objetivo desenvolver a produção de reservas brancos, tintos e de moscatéis de categorias superiores e terá capacidade para vinificar 50 mil garrafas de vinhos premium nas várias categorias.

Casa Velha Reserva branco 2022

Produzido a partir de uvas das variedades Gouveio, Viosinho e Rabigato, colhidas a uma altitude entre os 600 e 700 metros. Cada casta é vinificada separadamente, realizando-se macerações pré-fermentativas a frio durante três dias. As fermentações ocorrem em inox e em barricas de três anos.

Estágio de cerca de um ano em contacto com as borras finas, sujeitos a bâtonnages periódicas. Segue-se prova e seleção para o lote final, sendo que cerca de 70% provém de barricas e 30% provém de vinhos fermentados e estagiados em inox.

De cor amarelo citrino e aspeto brilhante, apresenta um aroma sedutor, dominado por notas de fruto de caroço e citrinos, com a fruta muito bem integrada com a madeira. Na boca apresenta-se fresco, cremoso e com boa amplitude.

Produzidas 3300 garrafas
Teor alcoólico: 13,2 %
PVP: 11 euros

Casa Velha Grande Reserva branco 2022

Uvas das variedades Gouveio, Viosinho, Arinto e Rabigato, colhidas a uma altitude entre os 600 e 700 metros. Cada casta é vinificada separadamente, realizando-se macerações pré-fermentativas a frio durante três dias. As fermentações ocorrem em inox e em barricas novas de dois anos.

Estágio de cerca de um ano em contacto com as borras finas, sujeitos a bâtonnages periódicas, um contributo para a harmonia e complexidade do vinho.

Após as várias fermentações, são selecionados os vinhos que irão compor o lote final. Neste caso o Gouveio e o Viosinho provêm de fermentação e estágio em barricas e constituem 90% do lote. Os restantes 10% são de Arinto e Rabigato que fermentaram e estagiaram em inox .

Cor amarelo citrino e aspeto brilhante. No aroma destacam-se as notas vegetais, citrinas e de fruto de caroço. Na boca o vinho é vivo, envolvente e cremoso, com a barrica e a acidez em perfeita harmonia.

Produzidas 2000 garrafas
Teor alcoólico – 12,5 %
PVP: 16 euros

Casa Velha Reserva tinto 2021

De uvas de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, colhidas em vinhas plantadas nas zonas mais baixas das freguesias de Favaios e de Sanfins do Douro.

A vindima é manual e decorre no final de setembro. As uvas selecionadas são colhidas para caixas de 20kg e recebidas na adega em câmara frigorífica. São integralmente desengaçadas e a fermentação ocorre em cubas de inox a 25ºC, durante cerca de 12 dias. O estágio prolonga-se por 18 meses em barricas de carvalho francês. O estágio prévio em garrafa é de seis meses.

Límpido e de cor rubi intenso, apresenta-se com boa complexidade, destacando-se os aromas florais, os frutos vermelhos maduros e especiarias. Vinho untuoso, estruturado e com uma boa acidez que lhe confere equilíbrio e harmonia.

Produzidas 8000 garrafas
Teor alcoólico – 14,5 %
PVP: 12 euros