A (in)disponibilidade para bem servir

antonio amorim alves 730

Foi-me lançado o desafio de escrever sobre um assunto que nos é muito caro, a nós “profissionais do vinho”, e que está relacionado com a qualidade do serviço e da pouca disponibilidade da restauração para este tema.

A verdade, é que até que este maravilhoso produto nos chegar à mesa, muitos e complexos foram os processos porque passou; do desenvolvimento na vinha desse tão versátil fruto, a uva, passando por todo o processo de vinificação, distribuição/promoção (Ewine). Os processos são muitos e complexos, e todos eles com gente que se dedica de forma apaixonada, ou não estivéssemos a falar deste produto verdadeiramente apaixonante, VINHO, o “despertador” dos sentidos.

É inquestionável o bom trabalho que as várias gerações de viticultores e enólogos têm vindo a desenvolver, a prova disso são os cada vez mais e melhores vinhos que todos os anos temos a oportunidade de conhecer, mas há ainda muito por fazer para que todos possamos usufruir destes produtos nas melhores condições. O que está por fazer começa nesta parte da cadeia de valor do vinho, da distribuição até à mesa, seja em nossa casa ou no nosso restaurante preferido, estamos a falar da passagem da cultura do vinho de forma transversal a todos os que de uma forma ou de outra têm o prazer e a oportunidade de com ele se relacionar. Feita a “mea” culpa, passemos ao que é obrigatório mudar para que possamos falar de um serviço de vinho em condições mínimas.

Ninguém gosta de sapatos apertados, calças de tecido áspero e duro, já para não falar de calor a mais ou frio de enregelar…! O vinho também não.

Salvo algumas honrosas, mas poucas, exceções, o serviço do vinho vai de muito mau a sofrível, ora, se o vinho é a melhor companhia para a comida, então porquê tratá-lo tão mal? Não é difícil nem caro é só uma questão de afinação:

  • Copo – um copo desadequado faz mau um bom vinho;
  • Temperatura – a temperatura correta é essencial para retirar do vinho o melhor que este tem para dar;
  • Escolha do vinho – variedade e qualidade e já agora, a harmonização do vinho com a comida, noções básicas só ajudam a que se realce o que melhor se pode esperar do casamento da comida com o vinho, no fundo, que juntos saibam melhor que separados.

A Ewine, presta gratuitamente este serviço aos seus clientes, tendo para isso um enólogo residente à sua disposição, infelizmente, a disponibilidade para o tema é pouca. A “formação” básica para este assunto resume-se a um par de horas, será que não vale a pena esse pequeno investimento em tempo? Será que os seus clientes não o merecem?

Já agora, e que tal começar a servir/pedir vinho a copo? Comece e vai ver que vale a pena. Do serviço de vinho a copo não se espera o usual “vinho da casa” normalmente desadequado, chato e inexpressivo. Dê oportunidade de escolha que todos saímos a ganhar; o cliente, o restaurante e porque não o distribuidor e o produtor. Por último, escolha/ofereça  bom vinho, a sua refeição merece e a copo pode ir mais longe…!

P.S. – Um louvor à ViniPortugal, pelo bom trabalho que tem vindo a desenvolver – A COPO.

António Amorim Alves
Diretor comercial
Ewine, Lda. – vivemos o vinho!
Porto, 16 de Julho de 2014