O desafio é constante e é o de fazer melhor todos os dias.
Alentejano de várias localidades, ou seja dos sete costados direi eu, é como o enólogo Paulo Laureano define a sua naturalidade. Fundamentalmente trabalha no seu próprio projecto, na Paulo Laureano Vinus, na Vidigueira, embora preste consultoria a algumas empresas.
Como e quando despertou para o mundo do vinho ?
Inicialmente, talvez por influencia do meu pai, porque sempre me levou com ele na sua busca por novos vinhos em adegas enormes que tinham para mim naquela altura o efeito de entrada num mundo místico, mas depois com a entrada na Universidade e no mundo da agricultura, rapidamente percebi que o vinho e tudo o que o rodeava era apaixonante. A partir dai tudo foi fácil.
Qual foi o seu maior desafio desde que teve início a sua atividade nesta área ?
O desafio é constante e é o de fazer melhor todos os dias.
Que história, pelo absurdo e/ou interessante, tem desde que iniciou a sua atividade ?
Qualquer pequeno produtor de vinho, ainda que “doméstico”, quando apanha pela frente um enólogo gosta de o fazer provar as suas obras. Logo no início da minha carreira numa pequena taberna com vinhos de talha e uma excelente comida, depois de revelada a minha profissão foi sujeito a uma dura prova dos “melhores” vinhos do local. Não querendo ser antipático proveio-os todos, embora a acidez volátil mínima de cada um ultrapassa-se os limites razoáveis. Dariam uns vinagres sofríveis, mas naquele ambiente fui incapaz de dizer alguma coisa de negativo. Resultado, uma enorme dor de estômago e de cabeça, por vários dias, que me ensinou a ser claro nas “notas de prova”.
Qual o melhor vinho que já teve oportunidade de provar e de que país ?
Este é um conceito muito redutor, felizmente já tive oportunidade de provar excelentes vinhos dos mais variados países. Com identidade, história e enorme qualidade, isso distingue os melhores.
Qual o restaurante que lhe proporcionou uma experiência inesquecível e porquê ?
Nunca vou esquecer uma açorda alentejana desenhada pelo Victor Sobral, há alguns anos no Terreiro do Paço. Era uma simples torre de pão, mas a cada garfada libertava todos os sabores e aromas como se de uma açorda tradicional se tratasse. A provar que mesmo com um desenho de requinte se pode preservar tudo o que é tradicional e genuíno na cozinha nacional.
por Mário Rodrigues
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