Os maiores desafios são sempre aqueles que temos em mãos

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por Mário Rodrigues

Nuno Gonzalez, nasceu em Coimbra e vive na Figueira da Foz. Licenciou-se em Bioquímica pela Universidade de Coimbra. Mais tarde fez um Mestrado Internacional em Enologia e Viticultura, tendo para tal estudado em França e Itália. A tese de mestrado levou-o à região de Marlborough na Nova Zelândia.

Como e quando despertou para o mundo do vinho?
O grande “culpado” terá sido o meu pai, que sempre fez questão, mesmo em tenra idade, de dar-me a provar os vinhos da sua garrafeira e incutir em mim e nos meus irmãos o ritual do vinho.

Qual o seu percurso profissional nesta área?
Fiz a minha primeira vindima na José Maria da Fonseca em 2005 e desde então adquiri alguma experiência em países do Novo Mundo (USA, AUS e NZ) e também na Europa, mais concretamente na Toscânia. Recentemente estagiei na Niepoort e na Cortes de Cima. Actualmente sou o enólogo residente da Malhadinha Nova.

Qual foi o seu maior desafio desde que teve início a sua atividade nesta área? 
Costumo dizer que os maiores desafios são sempre aqueles que temos em mãos e por isso neste momento a Malhadinha Nova é o meu grande desafio.

O que acha deveria ser alterado na postura de alguns dos restaurantes e hotéis relativamente ao serviço de vinhos?
 A política de preços praticada que leva cada vez mais consumidores a optar por outras bebidas à mesa quando o vinho devia (mais que nunca) estar presente.

Que história, pelo absurdo e/ou interessante, tem desde que iniciou a sua atividade? 
As festas de final de vindima são sempre uma festa, especialmente se a festa for na Austrália, acaba-se sempre por cometer alguns excessos. Depois de um curtíssimo sono eu e um colega francês tínhamos uma série de tintos para descubar. Pouco depois o enólogo e director da Cape Mentelle, Rob Mann, juntou-se a nós. Ele que tinha festejado como um bom australiano em cinco minutos pôs-se dentro de uma cuba de pá na mão a ajudar-nos. A “ligeira” indisposição matinal deu logo lugar à inspiração e admiração. O dia tornou-se bem mais curto e no final, acabámos como todos os outros dias durante a vindima, com uma cerveja na mão e um sorriso rasgado.

Qual o vinho que teve oportunidade de provar que mais o surpreendeu e de que país? 
É sempre injusto referir este ou aquele vinho mas, destacaria o Gonçalves Faria Garrafeira Especial Tonel 5 de 1990 um hino à Bairrada e ao vinho português.

Qual o restaurante que lhe proporcionou uma experiência inesquecível e porquê?
Restaurante da adega Vasse Felix em Margaret River, pelo ambiente do restaurante a excelente comida, o serviço e a companhia.