Já me emocionei com muitos vinhos
por Mário Rodrigues
João Nicolau de Almeida, natural do Porto, despertou para o mundo do vinho quando nasceu. A família muito relacionada com o vinho sempre o viveu intensamente, de forma que a sua relação com o vinho acabou por ser natural.
Qual o seu percurso profissional nesta área?
Desde miúdo sempre fiz estágios de vindima que davam para arrecadar uns trocos para as minhas diversões. Depois entrei para o curso de enologia da UTAD em Vila Real, e mais tarde fui para França fazer uma pós graduação em viticultura. Foi em França que comecei realmente a perceber melhor o que era o mundo do vinho e a ter uma vontade própria de o fazer.
Quando cheguei a Portugal estive a trabalhar com o “sacho” durante uns tempos numa vinha que o meu pai, o meu irmão e eu começamos a plantar em Vila Nova de Foz Côa. Foram tempos muito importantes. Um dia fui a uma entrevista com o Sr. Roger Zannier que se preparava para fazer um grande investimento no Douro – A Quinta do Pessegueiro. Desde aí dedico-me inteiramente a este projecto.
O meu interesse por Portugal surge por ter nascido português! Mas se formos falar de regiões, tenho que confessar que sempre tive uma atracção pelo Douro e essa foi também uma das razões que me fez enveredar pelos vinhos.
Qual foi o seu maior desafio desde que teve início a sua atividade nesta área?
Desenvolver todo o projecto vitivinícola da Quinta do Pessegueiro.
O que acha deveria ser alterado na postura de alguns dos restaurantes e hotéis relativamente ao serviço de vinhos?
As cartas de vinhos poderiam ser mais trabalhadas e originais tal como a escolha de copos mais adequados. É pena que se tenha que pagar tão caro pelos vinhos.
Que história, pelo absurdo e/ou interessante, tem desde que iniciou a sua atividade?
Há várias histórias absurdas ou caricatas relacionadas com a produção. Uma vez fui encher barricas com o meu irmão Mateus. A certa altura, estava à espera para abrir uma torneira de uma cuba de fibra de vidro para começar a encher as barricas. Quando o meu irmão, de lá de baixo, me diz ” – abre a torneira!”, eu abri e fiquei com a torneira na mão! Na cuba ficou um buraco a jorrar vinho com toda a pujança…Eu nem queria acreditar. Pensei que íamos perder o vinho todo, não havia solução. Por milagre dos deuses, conseguimos rapidamente enfiar um pau com um pano e estancar a cuba. Ficámos os dois encharcados dos pés à cabeça em vinho.
Qual o melhor vinho que já teve oportunidade de provar e de que país?
Não consigo definir um vinho. Já me emocionei com muitos vinhos. Destacaria talvez os vinhos do Porto pela sua qualidade única, mas também pela viagem que consigo fazer no tempo entre estes montes alucinantes do Douro e o Porto; e os vinhos da Borgonha pela real autenticidade do “terroir”, de sentir a terra, a rocha, a mineralidade
Qual o restaurante que lhe proporcionou uma experiência inesquecível e porquê?
Adoro as idas às marisqueiras de Matosinhos com a Maria, minha mulher. Percebes e camarão ao balcão, vinho branco…e, depois, no final, um preguinho de lombo no pão!
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