O restaurante Gastronómico, que integra o prestigiado The Yeatman, membro da Relais & Châteaux, é um espaço com uma vista magnífica que proporciona uma experiência enogastronómica ao mais alto nível, com a subtileza de um serviço eficaz e invisível, que acabou de receber os mais que merecidos 3 Sóis da Repsol depois das 2 estrelas Michelin
Uma experiência que preserva e cria memórias de um chef com um posicionamento único e anos de experiência, onde a atual simplicidade de uma cozinha de proximidade, cheia de imaginação e arrebatador sabor, tem por base o património gastronómico de Aveiro, Algarve, Setúbal e Açores, e influências do Japão e da Coreia, além de homenagens às tradicionais marisqueiras e churrasqueiras portuguesas.
A diversidade e equilíbrio entre o tradicional e internacional, onde nem tudo tem de ter obrigatoriamente uma complicada explicação técnica, com uma aproximação ao consumidor mais exigente, sem elitismos, é verdadeiramente fascinante.
Os aromas e sabores de outros tempos são relembrados e intensamente reforçados em criações de exceção, que começam com uma panóplia de snacks na requintada e confortável sala de espera, onde o lírio fumado dos Açores é apresentado com pepino e óleo de sésamo numa proposta leve, fresca e subtil. Segue-se a Gamba do Algarve, acompanhada por uma receita inusitada do típico gaspacho alentejano, e o caranguejo da casca mole, um dos ingredientes de assinatura do Chefe, que destaca e trabalha, assim, um produto raro, especial e proveniente da região de Aveiro.
Ainda nos snacks, surge uma referência a dois templos da gastronomia tradicional portuguesa. As churrasqueiras são representadas numa terrina de Frango com pele crocante e germinado de mostarda, e as marisqueiras fazem-se notar numa Santola ao natural desfiada, acompanhada com caviar, gel de gengibre e gelado de wasabi.
O segundo momento acontece na cozinha, onde, na mesa do Chefe, é servida uma Ostra da Ria de Aveiro, com gel e granizado de maçã verde, camarinhas e um molho refrescante feito com galanga, jalapeño, lima kaffir e coentros. Já na mesa, o menu ganha um novo fôlego e robustez em pratos que fazem viajar sem sair de Vila Nova de Gaia e da vista sobre a cidade do Porto. É o caso do Lavagante com cogumelos e tutano, onde o dashi e o saquê, que o harmoniza, rementem para uma das viagens do Chefe Ricardo Costa ao Japão.
Segue-se o Choco de Setúbal, empratado num cubo de gelo e apresentado em forma de talharim, acompanhado com caviar, crocante de vieira e salicórnia – produto que dá a salinidade e a acidez necessária para garantir o equilíbrio de sabores. Ainda no mapa das viagens de Ricardo Costa, a Coreia é um dos destinos presente no Salmonete, um dos peixes mais delicados da costa portuguesa, aqui trabalhado com daikon, kimchi e um caldo reconfortante de cebola tostada.
Da pele às espinhas, das bochechas ao fígado, o Tamboril é o protagonista que se segue. Chega à mesa em três diferentes confeções, texturas e empratamentos e será o cliente, em função do seu palato e preferência, a definir a ordem da sua degustação – do mais intenso ao mais suave. Após o obrigatório pão de fermentação lenta com manteiga caseira e azeite duriense, surge o clássico Bacalhau com grão-de-bico, grelos e mão de vitela, um prato que não deixa nenhum português indiferente, assim como o Leitão da Bairrada, uma das receitas mais identitárias da carreira do Chefe Ricardo Costa.
No reino das sobremesas, tudo começa com um Sorvete de lichia, framboesa e óleo de manjericão – um trio aromático e perfumado, perfeito para equilibrar o palato. Seguem-se opções mais doces, como a Fartura, acompanhada com chocolate, banana fermentada, gelado de banana e baunilha e o Algodão doce, que evoca as feiras e os santos populares, ou a Bolacha Americana, vendida na praia durante os verões que marcaram a infância do Chefe Ricardo Costa, recheada com chocolate numa massa crocante feita à base de manteiga e canela, partida na hora.
O novo menu Colheita “está pensado para ser uma evolução de aromas e sabores que despertam diferentes sensações”, segundo o chef Ricardo Costa. Acompanhado por uma viagem vínica pelo país, na qual as harmonizações são majestosamente trabalhadas por outra grande profissional que integra esta equipa, a sommelier Elisabete Fernandes.
Pedro Marques lidera o Gastronómico com um serviço de sala exemplar, onde a ligação funcional de todos os elementos é também o princípio de um prato bem conseguido.
De realçar a opção de um menu vegetariano criado de raiz para o efeito, e sem o subterfúgio de dar os mesmos nomes e produtos, alem de uma opção de harmonização com bebidas sem graduação.
O menu “Colheita” tem o valor de 260€ por pessoa, também na sua versão vegetariana, e três suplementos de bebidas possíveis – The Prime Selection (260€) e The Yeatman Selection (130€) com referências vínicas – e uma harmonização com bebidas sem graduação (120€).
O Gastronómico é, indiscutivelmente, um destino de eleição para os apreciadores da excelência.
Por Mário Rodrigues
Edição de Ana Cristina Silva
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