O Alvarinho é uma casta plantada um pouco por todo o lado, mas é na Região do Vinho Verde, concretamente na Sub-Região de Monção e Melgaço, que encontramos o verdadeiro solar da casta e vinhos que expressam todas as suas virtudes
O Vinha Antiga Alvarinho 2018 é um bom exemplo disso mesmo. Produzido pela Provam, uma sociedade constituída por dez viticultores e que se dedica à vinificação das uvas dos fundadores e também às de um grupo seleccionado de pequenos viticultores desta região, este vinho é feito com uma criteriosa escolha das uvas com maior grau de maturação das vinhas mais antigas – pouco mais de 30 anos.
Faz-se assim justiça ao nome do vinho. Enquanto noutras regiões vitivinícolas é empregue a terminologia “vinhas velhas” para vinhedos com mais de 100 anos, por aqui aceita-se “vinhas antigas” para idades superiores a 30 anos, não porque o vinho seja um fenómeno recente, mas porque foi feita uma reestruturação da vinha nas últimas décadas.
Na moderna e funcional adega deste produtor, as uvas são prensadas inteiras e com maceração pelicular. O mosto é clarificado a 12o C durante 48 horas e fermentado e estagiado durante cerca de seis meses, 40% em barricas novas de carvalho-francês e 60% em barricas com dois ou três anos. O Vinha Antiga é provavelmente o primeiro Alvarinho da região estagiado em barrica. O primeiro ensaio foi em 1996 e nunca mais saiu dos cascos. Ao longo dos anos, foi apresentando alterações de perfil e hoje temos um vinho muito afinado, ligeiramente untuoso e com a madeira bem integrada. Tem aspecto cristalino e cor de palha, é perfumado e sugere notas citrinas e um ligeiro alperce. Um branco fresco, elegante e complexo.
Para desfrutar já ou daqui por alguns anos, é um vinho para beber à mesa e é muito versátil em termos de harmonização. Imagino-o com cabrito, seguido de queijos.
Renato Cunha
Chef do Restaurante Ferrugem
Membro fixo do Painel Nacional de Avaliação de Vinhos do Alivetaste.com
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