Entre Tantos é um vinho, mas é também uma página de um livro que conta a outra história de Rui Nabeiro, a da sua paixão pelo vinho. A família sonhou um vinho especial, sonhou um livro de histórias entre o vinho, o café e o mundo
Rita Nabeiro, conduz os destinos da Adega Mayor de acordo com a visão do seu avô, prestando homenagem a Campo Maior, a todos os que todos os dias dão o seu melhor para criar vinhos de excelência.
2800 unidades numeradas e cuidadosamente rotuladas à mão, apresentadas numa peça de cortiça que representa a simplicidade e a nobreza, testemunhadas no livro que acompanha esta edição especial.
Entre Tantos é feito a partir de vinhas que acompanham a família há várias gerações, resultando num vinho singular e cheio de carácter. De aspeto denso, apresenta uma cor granada profunda. O nariz é sedutor e complexo, sugerindo notas de cereja preta, ginja e ameixa madura, complementadas com um toque de balsâmico, fumado e subtis apontamentos terciários de amêndoa e chocolate negro. Na boca há um jogo de elegância volume e estrutura, é concentrado na fruta e na especiaria e termina longo e arrebatador mostrando um excelente potencial de evolução.
O momento alto da noite foi protagonizado em palco, onde Rita Nabeiro e José Pedro Cobra conduziram os convidados por uma viagem surpreendente. A Páginas Tantas, folhearam-se passagens marcantes e outras inéditas sobre o caminho percorrido por um Homem, uma Terra e um Vinho que, Entre Tantos, souberam distinguir-se. As palavras ganharam vida num livro maior que gerou momentos de grande emoção. O jantar culminou com o espetáculo da dupla de DJ’s Beatbombers, com os convidados especiais Ricardo Gordo, Camané e NBC.
“Os sucessos no café não apagam a vontade de fazer vinho. Constrói um império com os sentidos no mundo que lhe falta abraçar e a certeza de que “quem só mantém e não cresce, decresce sempre um bocadinho”. Havia de chegar o dia de crescer para lá do café. Soma negócios em muitas áreas, o desejo da adega a marinar. Teresa Anastácio, a secretária que lhe organiza os dias há quase três décadas, sabe bem quanto o comendador suspirava “por ter o seu vinho”. Nos entretantos do negócio, vai dando chão ao sonho. O tempo é espaço para descobrir a alquimia. Aproveita as viagens, as idas a restaurantes conhecidos para atentar nas cartas de vinho, provar um e outro, descobrir castas. Teresa chega a passar horas ao telefone para conseguir encomendar uma caixa de vinho. O patrão viera de uma convenção de armazenistas em França, com a cabeça no rótulo que por lá haviam servido, e não descansa enquanto ela não garante a chegada das garrafas a tempo da consoada: “Queria dar aquele vinho a provar à família”. A construção da adega, a dois passos da fábrica, enche-o de alegrias. Não é mais um negócio, é um sonho. A Delta é só outro filho, a Adega Mayor só outro neto. À rotina diária somou um novo destino, a adega. Quando a burocracia o prende ao escritório, reclama. O que mais gosta é de andar pelos seus domínios, sempre um beijo às senhoras, um aperto-de-mão aos homens.“
Excerto do livro Entre Tantos, 2019
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