Rumámos, com a chef Megan, ao outro lado do Algarve para percebermos que há sabores tradicionais que valem a pena manter. O cheiro a maresia e o paladar do mar continuam a estar presentes nas ovas de polvo que são secas através de práticas que estão a cair em desuso.
Na procura da autenticidade, apercebemos que as gentes do Sotavento Algarvio continuam a escolher as ovas de polvo para petiscar com os amigos, na companhia de uma ou duas cervejas. Por isso, fomos tentar descobrir como este produto é confecionado e como é normalmente consumido.
Os pescadores não capturam o polvo apenas pelas ovas. Estas acabam por ser um produto que nem sempre se encontra disponível e a sua produção é de cariz sustentável, pois aproveita-se uma parte do polvo que de outra forma seria desperdiçada.
É-nos explicado que cada polvo tem apenas uma ova que é retirada e colocada num balde com sal durante 2/3 horas. Esta é depois disposta numa superfície lisa e deixada ao sol durante todo o dia. Á noite, é recolhida para não apanhar humidade e o processo repete-se no dia seguinte já com a ova virada para o outro lado. É necessária uma média de 2 dias ao sol para preparar esta iguaria que pode ser comida de várias maneiras: assada no carvão, ou colocada directamente na torradeira para ficar um pouco mole. Tradicionalmente corta-se lascas fininhas e tempera-se com azeite, alho e salsa ou, para os puristas, come-se ao natural cortado às fatias fininhas.
No Mar d’Estórias, escolheram utilizar as ovas ao natural – cortadas finamente às lascas e colocadas por cima do polvo assado. O remate perfeito para nos lembrarmos que a autenticidade do polvo pode ser aliada à sustentabilidade da sua utilização de forma a completar este prato com um sabor ainda mais tradicional.
Artigo com o apoio do Mar d’Estorias
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