Os CTT lançaram uma original emissão filatélica sobre as indústrias conserveiras, em que foram incluídas 50 000 séries de selos dentro de latas de conserva especialmente serigrafadas e preparadas para o efeito, mas em tudo idênticas às que se utilizam para comercializar o atum, a sardinha, a cavala, as lulas, entre outros, sendo única no mundo
Graças às suas qualidades e potencialidades gastronómicas na criação e reinvenção de novos produtos e sabores, as conservas portuguesas gozam hoje de um inegável prestígio nacional e internacional. Nesta emissão estão representadas algumas espécies, entre elas: a sardinha, o biqueirão, a cavala, o atum, a lula e a enguia.
Inicialmente as conservas estavam associadas aos exércitos que as utilizaram bastante nas duas Grandes Guerras, mas rapidamente se tornaram num dos símbolos de exportações portuguesas em todo o mundo. A primeira fábrica de conservas de atum em azeite surge em 1865, em Vila Real de Santo António, e a de sardinha em azeite em Setúbal, no ano de 1880. No entanto, é sobretudo a partir do seculo XX que, ao longo da costa portuguesa, se irá assistir à instalação de novas unidades conserveiras destacando-se entre outros locais, Matosinhos, Espinho, Aveiro, Peniche, Sines, Setúbal e o Algarve, nas quais a sardinha, o atum, a cavala e o biqueirão, eram as principais espécies utilizadas.
Depois de pescado, o peixe é conduzido para a sala de “descabeço” onde lhes tiram, como o nome indica, as cabeças, e onde lavam os peixes; de seguida, as grelhas, com as sardinhas por exemplo, seguem para os autoclaves onde recebem vapor para a sua cozedura de acordo com o conceito “pré-cozido”; após a secagem e na secção do “Cheio” colocam as sardinhas nas latas (enlatamento) e enchem de azeite antes de se proceder ao seu fecho mecânico, nas cravadeiras. Voltavam aos autoclaves desta vez para a esterilização, seguindo-se a lavagem, o bater da lata para verificar a sua estanquicidade, passando finalmente pela embalagem e colocação nos caixotes de madeira.
Colaborou com os CTT nesta aventura a mais antiga fábrica de conservas em laboração no mundo, a firma “Conservas Ramirez”, fundada em 1853. Por feliz acaso no mesmo ano em foi lançado o primeiro selo português: o célebre D. Maria II, posto a circular a 1 de Julho de 1853 nas versões de 5 réis e de 25 réis.
Cada um dos seis selos desta emissão contém três imagens, uma à esquerda, uma central e uma à direita. O selo com o valor facial de 0,47€ mostra um Galeão a Vapor, um pormenor de cartaz publicitário da empresa Annuario do Brasil e um Biqueirão; o selo de 0,58€ mostra o “desenvasar” da sardinha, o pormenor de gravura do livro de ouro das conservas e uma sardinha; no selo de 0,65€ constam três imagens, nomeadamente o cais de descarga do peixe para a fábrica de conservas, uma ilustração de Fred Kradolfer e uma cavala; o selo de 0,75€ demonstra o enlatamento, um cartaz publicitário das conservas e atum; o selo de 0,80€ com a secção do “vazio”, um postal publicitário de Brandão Gomes e uma Lula; e por fim, o selo com o valor facial de 1,00€ que nos mostra a secção do “cheio”, um cartaz publicitário das conservas Boavista e uma enguia. Todos os selos têm uma tiragem de 125 000 exemplares cada.
Os selos têm um formato de 30,6 X 80 mm e o design esteve a cargo do Atelier Pendão&Prior, nomeadamente Fernando Pendão. As obliterações de primeiro dia serão feitas nas lojas dos Restauradores em Lisboa, Munícipio no Porto, Zarco no Funchal, Antero de Quental em Ponta Delgada, Teixeira Gomes em Portimão e Matosinhos.
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