Revista de Vinhos elegeu ‘Os Melhores do Ano 2014’ no vinho e na gastronomia, com Prémios de ‘Excelência’ e ‘Especiais’ a subiram ao pódio, em cerimónia que reuniu mais de 900 pessoas na Alfândega do Porto
A Revista de Vinhos premiou ‘Os Melhores do Ano 2014’ no sector do vinho e da gastronomia em Portugal. Entre ‘Prémios de Excelência’ e ‘Prémios Especiais’ foram cinquenta os galardões entregues no palco da 18.º edição dos já conhecidos como “Óscares do Vinho”, evento que este ano teve lugar no Centro de Congressos e Exposições da Alfândega, no Porto. Ainda nos vinhos, foram 169 os que conquistaram a distinção de ‘Melhores de Portugal’ e 624 os que viram o seu selo de ‘Boa Compra’ em 2014 transformado em diploma.
Se os ‘Prémios Especiais’ distinguiram pessoas, projetos, empresas e entidades do sector do vinho e da gastronomia, os ‘Prémios de Excelência’ elegeram os trinta vinhos mais aplaudidos pelo painel de provadores da Revista de Vinhos, publicação para apreciadores exigentes e que este ano está a celebrar o seu 25.º aniversário.
Dezanove categorias e vinte troféus: foi este o saldo dos ‘Prémios Especiais’ de 2014. Peter Bright, nos vinhos, e José Avillez, na comida, foram os grandes nomes da noite, ao receberem respetivamente os prémios de Senhor do Vinho e Gastronomia “David Lopes Ramos”. Peter Bright é australiano, mas foi em Portugal que decidiu assentar arraiais e, nos anos 80, na então chamada “João Pires” (que viria a dar origem à Bacalhôa), apontou caminhos que ajudaram a moldar a moderna enologia portuguesa. Bem mais tarde, criou os seus projetos enológicos pessoais: Fiúza & Bright, no Ribatejo, e as Terras de Alter, no Alto Alentejo. Em ambos, mostra o seu “dedo” e intuição para produzir vinhos de grande qualidade que são do agrado do público, quem que para isso tenham de ser caros e inacessíveis. José Avillez, que tem arrecadado inúmeros distinções nos últimos tempos, com destaque para a recente conquista da segunda estrela Michelin, é um visionário, que reúne talento, vontade, paixão, competência, ambição e rigor. Este prémio visa reconhecer o excecional cozinheiro que é, mas também a sua vertente de profissional da restauração, com incrível capacidade de gestão, motivacional, ousadia empresarial, ambição e até pressa de fazer as coisas acontecer.
Nos produtores, o Douro esteve em destaque, com a João Nicolau de Almeida & Filhos a arrecadar o troféu de produtor revelação e a Wine & Soul, da dupla Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges, a ser considerado produtor do ano. Ambos projetos com uma forte vertente familiar. O primeiro nasceu como um incontrolável impulso genético, ou não corresse vinho nas veias de João Nicolau de Almeida e dos seus filhos Mafalda, João e Mateus. Ao lado da Wine & Soul esteve O Abrigo da Passarela, também eleito como produtor do ano.
Identidade e Carácter é um titulo que cai que nem ginjas na Quinta do Ameal. Pedro Araújo decidiu em finais de 90 apostar numa única casta para fazer tudo o que fosse possível a partir dela: o Loureiro do Ameal avançou sempre na direção da qualidade com carácter. Ainda na arte de fazer vinho, foram dois os enólogos distinguidos perante uma plateia de mais de 900 pessoas: Osvaldo Amado e José Manuel Sousa Soares. Produzir bem, em quantidade e com estilos que sejam do agrado dos consumidores são os pressupostos inerentes ao trabalho de Osvaldo Amado, enólogo que faz vinho em todo o país, deixando neles a sua marca. Sousa Soares destacou-se por romper com a tradição, arriscando novos caminhos na Gran Cruz, que tem hoje um portefólio bem mais rico do que tinha, com Porto Colheita, Vintage e L.B.V. de grande qualidade.
Depois de em 2013 a enóloga Filipa Tomaz da Costa ter sido eleita enóloga do ano, no que toca aos vinhos generosos, é agora a vez da empresa onde trabalha – Bacalhôa Vinhos de Portugal – ser eleita a empresa do ano: em 2014 foram lançados vinhos que impressionaram em diversos segmentos de preço. 2014 foi um ano de aclamação generalizada da Symington Family Estates, o que lhe valeu o galardão da melhor empresa de vinhos generosos. O lançamento do “super tawny” Ne Oublie foi um acontecimento marcado a letras de ouro na história da empresa, que em muito contribuiu para esta distinção. No que toca à Cooperativa do Ano, o prémio foi para a região do Tejo, com a eleição da Adega do Cartaxo, que tem vindo a ganhar a batalha da qualidade dos seus vinhos – com forte aposta nos tintos –, procurando impor de novo o nome da ‘capital do vinho’, mas agora com uma conotação bem diferente.
O prémio de Viticultura foi, uma vez mais, dado à equipa da The Fladgate Partnership – em 2000 foi atribuído a António Magalhães –, pelo trabalho de modernidade que procura descodificar a viticultura genuína do vale do Douro, no sentido da melhoria do presente, mas sobretudo na consolidação do futuro. A Bairrada começa hoje a ser vista como uma região renovada, que está “a dar cartas” sem trair a sua forte identidade. Um feito para o qual em muito tem contribuído o papel e trabalho da Comissão Vitivinícola da Bairrada, eleita como a melhor Organização Vitivinícola de 2014.
A equipa da Revista de Vinhos visita e “inspeciona” anualmente doze unidades de enoturismo. Em 2014 foi a Casa de Mateus, em Vila Real, a que mais pontos reuniu: 19,5 no total. Um lugar idílico e de peregrinação, onde a cultura e a história têm os pés bem assentes na terra, mas o vinho não é descurado.
Os prémios para melhor Loja Gourmet, Wine Bar e Garrafeira foram geograficamente distribuídos de Norte a Sul do país, tendo, respetivamente, sido arrecadados pela Casa Gourmet, em Guimarães, o Wine Bar Dux, Petiscos & Vinhos, em Coimbra, e a Garrafeira Soares, com 15 lojas no Algarve. Para a região mais a Sul do país foi também o “troféu” de melhor Restaurante de 2014, entregue ao São Gabriel, em Almancil. Aqui habita uma cozinha complexa, harmoniosa e de extraordinária beleza, criada pelas mãos do chefe Leonel Pereira, que acaba de recuperar a merecida estrela Michelin para este espaço. No que toca ao Restaurante de Cozinha Tradicional Portuguesa, destaque para o Elvira, em Braga, onde a qualidade de uma comida assente em receituários familiares é irrevogável.
Foi ainda premiada a Campanha Publicitária aos fungicidas da família Luna (Bayer), uma campanha que apostou no humor. Com uma mensagem desconcertante, subverte os códigos habituais da comunicação deste tipo de produtos.
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