De pequenino se torce o pepino

vitor sobral 300

por Chefe Vitor Sobral

Na verdade existem bastantes histórias que poderia contar. Já tive muitas situações ao longo dos meus 25 anos como cozinheiro. A maior parte boas, mas também algumas mais embaraçosas. Estou a lembrar-me num dia, no Terreiro do Paço, de um casal que percebi que estavam zangados e a senhora, quando fui à mesa, pegou-me na mão para conversar comigo e não a largava. O marido parecia um dragão! Mas a história mais interessante passou-se com uma criança do Colégio Alemão. Dei uma aula para os alunos do Colégio Alemão, na Miele Portuguesa. No meio de várias crianças, um dos rapazes destacava-se do grupo. Tanto pelas questões que colocava, como pela atenção que prestava a todos os meus movimentos. Não me foi indiferente e, no final, fui conversar com ele e disse-lhe para ele manter aquela postura porque iria conseguir fazer alguma coisa de que gostasse na vida. Passados alguns anos, esse mesmo rapaz, virou um adolescente e um dia estava a jantar com a sua família e na cozinha sou chamado à mesa, à qual me dirigi. E sou questionado por ele se me recordava do nosso episódio. Como tenho uma boa memória visual, apesar de não conseguir logo identificá-lo, com algumas dicas que me foi dando recordei-me do episódio. Mostrou interesse em conhecer como funcionava uma cozinha por dentro e eu convidei-o a passar uns dias connosco. Sei que hoje está na Universidade, não nesta área, é um aluno de sucesso e resumindo a história, quando temos atitude, mesmo em criança, mais tarde, quando crescemos, ela facilita-nos a encontrar o nosso caminho.