Despertou para o mundo do vinho desde pequeno, teria uns 12/14 anos, quando o seu pai era o Administrador da Quinta do Vesúvio, nos anos oitenta, antes de a vender aos Symington

joao brito e cunha 600

João Vasconcelos de Brito e Cunha, o vinho corre nas veias deste descendente em linha direta de Dona Antónia Ferreira, a Ferreirinha, sendo um dos exemplos da nova geração de enólogos e produtores que se instalaram no Douro e lançaram projetos pessoais.

Na base da paixão deste viticultor está a Quinta de S. José, no coração do Douro em Ervedosa do Douro. Natural do Porto, licenciado em enologia pela UTAD, com estágios complementares, em França no Champagne em 1993 e na Austrália em 1997

Como e quando despertou para o mundo do vinho?
Desde pequeno, teria uns 12/14 anos. O meu Pai foi o Administrador da Quinta do Vesúvio nos anos oitenta antes de a vender aos Symington, e na altura fiz sucessivas idas ao Douro, apesar de enjoar com muita frequência nas ainda muito difíceis estradas; as paisagens, vinhas, os lagares, os cheiros dos mostos a fermentar e a festa de vindima, ficaram na minha memória como algo único e misterioso.

Quais foram os seus maiores desafios?
Quando decidi despedir-me de um emprego certo, onde estava na Cockburn’s para ir para a Austrália fazer vinho e meter “as mãos nas uvas”.

Quando entendi lançar-me por minha conta, e criar a minha própria empresa  para prestar serviços de enologia como consultor.

Quando entendi vender o meu apartamento na Foz do Douro e comprar as vinhas, os terrenos e marca da Quinta de S.Jose, e ir viver para o Douro.

Quando já numa fase bem madura do meu projecto, onde já produzíamos e vendíamos cerca de 25.000/30.000 garrafas decidi fazer o investimento, inicial no terreno e posteriormente na adega da Quinta de S.Jose.

O que acha mais relevante na evolução do Mercado dos vinhos em Portugal?
Cada vez o consumidor está mais informado e tem mais e melhor acesso a toda a informação. Os preços actuais da restauração não serem tão exagerados. A necessidade dos Produtores fazerem um trabalho contínuo e constante na criação de marca.

O que pensa do serviço de vinhos nos restaurantes?
É fundamental ter bons copos, um rigor muito grande na temperatura dos vinhos, para se puder tirar o máximo de prazer de todo o potencial do vinho.  Infelizmente acho que é ainda onde os Restaurantes investem pouco.

Qual foi o melhor vinho que teve oportunidade de provar?
Não sei se o melhor, mas talvez o que mais me marcou foi o Château D’yquem 2001, pela sua enorme complexidade e equilíbrio….

Qual a experiência em restaurante que melhor a impressionou?
No Vila Joya, o menu de degustação, tudo parecia perfeito, ligações entre os pratos e os vinhos, serviço, enfim uma experiência única que jamais esquecerei.

Qual a história pela positiva ou negativa que mais o marcou desde que trabalha nesta área?
Pela positiva talvez a concretização de um sonho que era ter a minha própria adega e felizmente os muitos prémios que recentemente temos tido. Pela negativa quando um vinho branco meu ia numa cuba num transportador, ele teve um acidente e a cuba e o vinho caíram ao rio douro.

O que acha da penetração dos vinhos Portugueses no Mercado mundial?Acho que Portugal tem que se afirmar como Produtor de Vinhos num segmento médio alto, não de volume e preço mas sim de nicho com uma aposta clara na qualidade. O fator diferenciador com sabores diferentes, únicos e distintos, provenientes da nossa riqueza de castas é a chave para termos vinhos únicos e diferentes de um mercado global, de preço e extremamente competitivo e sem valor acrescentado. Portugal é um pais do velho mundo, o Douro foi a 1ª região demarcada em todo o mundo, com vinhos cotados na Wine Spectator ao nível do que melhor existe no mundo inteiro 97/98, só é preciso ter um pouco de paciência e continuar este trabalho.Sabemos que o Douro é uma das melhores Regiões Vitícolas do Mundo, é preciso é que esse reconhecimento seja consensual no mercado mundial.

por Mário Rodrigues