Os vencedores de 2024 foram a Casa da Quinta de Ferreiros (primeiro lugar), o projeto dos enólogos Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges, da Wine & Soul, em segundo lugar e a anfitriã Casa de Mateus em terceiro

A participação da mamma italiana Erika Zandonai na IX Edição do Concurso Tomate Coração de Boi do Douro que se realizou no Palácio de Mateus, em Vila Real, quis lançar a discussão: o que pode ser o tomate, quando acaba o festim de verão?

A passata, um molho caseiro de tomate conservado sem corantes nem conservantes e utilizado ao longo do ano, é um bom exemplo.

A receita tem uma grande variedade de versões e percebe-se que o aprumo nos detalhes faz a diferença. Em síntese, no entanto, basta tomate bem maduro e saudável, frascos e água a ferver (esterilização e vácuo) para garantir um saboroso molho de tomate, por muitos meses.

Projeto de valorização de produtos autóctones do Douro, esta é uma missão que os organizadores do concurso querem também cumprir. “Não pretendemos fazer apenas uma festa do tomate em fresco. A sua riqueza e versatilidade é para ser usufruída o ano inteiro, usando-se diversos métodos de conservação”, lembrou o jornalista Edgardo Pacheco, na apresentação do livro sobre este fruto-rei de Verão, evento integrado no programa da edição de 2024 do concurso. Um desafio que exige mudar mentalidades, acrescentou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Álvaro Mendonça: “Não temos tradição de valorizar o que é bom num determinada região, ao contrário dos italianos”

O “elogio da pequena escala, da capela sobre a catedral”, como referiu o vice-presidente da CCRDN, Jorge Sobrado, é outra dimensão que importa incentivar e apoiar: “Parece que estamos sempre à espera de uma certa grandiosidade de investimento”. “A chave do desenvolvimento, no entanto, está também no “reabrir de capelas”, que podem ser “tão assombrosas com uma catedral”.

Na sua IX edição, a Festa do Tomate Coração de Boi do Douro integrou a eleição do melhor tomate da temporada, tendo participado no concurso 25 produtores de quintas do Douro e de hortas familiares.

A Casa da Quinta de Ferreiros, em Lamego, foi o vencedor. O projeto dos enólogos Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges, a Wine & Soul, ficou em segundo lugar e a anfitriã Casa de Mateus em terceiro.

O júri que avalia o melhor tomate da temporada integrou chefes de cozinha de referência, enólogos, jornalistas e outros atores na área da gastronomia.

A festa segue no dia seguinte, 24 de agosto, com o Tomate à Capella, na aldeia de Arroios, às portas de Vila Real. Neste dia, o tomate volta à prova na capela barroca da aldeia, seguindo-se o mercadinho de produtos locais, incluindo Tomate Coração de Boi das hortas locais, petiscos e música. 

Esta iniciativa de valorização das hortas do Douro e, em especial, do Tomate Coração de Boi que ali encontra condições excecionais de produção, continua com a Festa do Tomate, até ao final de Agosto, em 22 restaurantes da região.

Muita luz e grandes amplitudes térmicas típicas da região reforçam as qualidades de textura, sabor e suculência deste fruto carnudo e com poucas sementes. São estas virtudes naturais que motivaram a criação do concurso que começou por ser uma iniciativa de três amigos, Celeste Pereira, proprietária da empresa de comunicação e eventos Greengrape, Edgardo Pacheco, jornalista e atual curador do evento, e o produtor de vinhos Abílio Tavares da Silva, da Quinta de Foz Torto.

Informal, festivo e envolvente, o concurso conta com a participação dos principais produtores de vinhos das quintas do Douro. É itinerante, realizando-se todos os anos numa quinta do Douro diferente. Iniciou na Quinta Dona Matilde, passou pelas quintas de la Rosa, Vallado, Ventozelo, Nápoles (Niepoort), Seixo (Sogrape) e este ano teve a virtude de se realizar no Palácio de Mateus, onde se produzem atualmente bons exemplares de Tomate Coração de Boi do Douro.