Dez anos de vindimas e um novo Arinto de duas colheitas deste lugar semidesértico e de solos magros que origina vinhos intensos e ainda assim de grande frescura.
A Discórdia tem origem. O lugar agreste e seco, de solos xistosos e magros, exige dos produtores um esforço acrescido para manter o oásis de verde nesta herdade do baixo Alentejo.
Neste contexto, a gestão da água e o controlo das maturações são o maior desafio, reconhece o diretor executivo da Herdade Vale d’Évora, Miguel Alho, sem, no entanto, prescindir do foco no balanço de uma década do projeto de vinhos Discórdia: “Queremos fazer vinho na vinha e é esse o desafio”.
A ousadia de produzir vinhos neste terroir semidesértico sem perder a batalha da qualidade, acrescenta, tem as suas recompensas: “É surpreendente vermos a consistência das colheitas, ano após ano, e a sua capacidade de envelhecimento. Os nossos brancos de entrada, por exemplo, todos eles sem estágio em barrica, apresentam uma longevidade, frescura e acidez notáveis”.
Neste contexto, o novo Discórdia Arinto de duas colheitas confirma a solidez do projeto Discórdia, a par da capacidade desta equipa em fazer vinhos fora da caixa, que aproveitam as surpresas de cada ano vitícola.
“Este é um vinho que não obedece a regras”, apresenta o enólogo Filipe Sevinate Pinto, feito de duas colheitas diferentes da casta Arinto, uma de 2020 e outra de 2021, com estágio em duas barricas de 500 litros cada, durante 24 e 12 meses, respetivamente.
“A colheita de 2020 reflete o ano instável em termos meteorológicos, com um inverno ameno, uma primavera húmida e um verão bastante quente. Já o ano de 2021 foi mais equilibrado, mais certinho, à antiga”, sintetiza Filipe Pinto.
No espírito do projeto de vinhos Discórdia, conclui o enólogo, o novo Arinto está ao nível dos Grande Reserva Discórdia e resulta de “uma irreverência com razão” e de um conjunto de opções que “fez sentido”.
Propriedade de duas famílias, a de Paulo Alho e a de Vítor Pereira, o projeto de vinhos Discórdia começou em 2009, com a plantação de vinha na Herdade Vale d’ Évora, uma propriedade de 550 hectares, situada a poucos quilómetros de Mértola e integrada no Parque Natural do Vale do Guadiana, no baixo Alentejo.
Instalada em encosta voltada a norte, a vinha Discórdia tem 10 hectares, distribuídos por talhões de quatro castas tintas (Touriga Franca, Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Syrah) e três de brancas (Arinto, Verdelho e Antão Vaz).
O Discórdia branco e tinto 2013 foram as duas primeiras colheitas lançadas no mercado. Atualmente, o portefólio inclui também dois vinhos Reserva e dois Grande Reserva (branco e tinto) e três referências mais fora da caixa, o monocasta Syrah da Discórdia, As Tourigas da Discórdia (Touriga Nacional e Touriga Franca) e o branco da casta Arinto de duas colheitas distintas.
10 ª Discórdia Arinto duas colheitas é produzido a partir de uvas colhidas na Herdade Vale d’Évora, da casta Arinto. As duas colheitas distintas (anos de 2020 e 2021) estagiaram em separado em barricas de 500 litros, durante 24 e 12 meses, respetivamente. Apresenta cor cítrica com laivos dourados. Nariz complexo, expressivo, a lembrar a esteva, xisto e flor de laranjeira. Barrica bem integrada. Boca com estrutura, muita tensão, vibrante e longo.
O teor alcoólico é de 13,3%, tendo sido produzidas 1180 garrafas com o PVP unitário de 29,90 euros.
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