Experiente na apanha de cogumelos, Célia, após as primeiras chuvas de Inverno, vai pela floresta, de cesta de vime ao braço, com o intuito de trazer um petisco de cogumelos para a sua família!
Célia Celestino, vive em Lagos, mas assim que tem tempo livre do trabalho e das lides da casa, ruma para o sítio onde cresceu – o Rogil. As terras, os recantos e as folhagens já as conhece bem, por isso, tem marcado os sítios onde nascem os cogumelos que ela conhece e que são deliciosos como entrada ou acompanhamento: “os cogumelos são laminados e fritos de cebolada; ou então são temperados com ervas aromáticas e acompanham bem uma carne de porco, no forno”.
Ainda que no nosso país se possam apanhar cogumelos todo o ano, é entre Novembro e Fevereiro que crescem a maior parte das espécies comestíveis: cantarelos, boletos, míscaros, entre outros. Segundo o Código e Conduta do Apanhador de Cogumelos d’ A Pantorra”, existem inúmeros cuidados e conselhos a ter em conta para quem não tem experiência em apanhar cogumelos silvestres. Por muito divertido que possa ser, todo o cuidado é pouco na hora de colher, preparar e confecionar este ingrediente, pois existem várias espécies não comestíveis, tóxicas e até mortais! A apanha de cogumelos segura advém da experiência e não apenas da livre iniciativa ou com ajuda de livros.
No caso de Célia, aprendeu a arte de colher cogumelos com o seu pai que sempre a aconselhou a “só apanhar aqueles que conhece.” Assim, explica que apanha “púcaras [Amanita ponderosa] que crescem perto de sobreiros ou onde haja gado”; procura “cantarelos alaranjados ou sanchas [Cantharellus cibarius], nas estevas da Arrifana; e cogumelos língua de vaca [Hydnum repandum] nos troncos das árvores da Serra do Espinhaço de Cão”.
Célia confidenciou ao Mar d’Estórias que até na forma de apanhar cogumelos existe preceito: “a alguns corta-se o caule com uma navalha e deixa-se a semente para crescer para o ano seguinte; existem outros que são arrancados pela raiz.” E deixa-nos uma dica para preparar este delicioso fungo da natureza: “o melhor é fervê-los em 3 águas até a fervura ficar translucida, para que qualquer bicho ou impureza desapareça por completo.”
Aos curiosos, interessados e amantes de cogumelos, alertamos que o melhor é não cair em mitos! Há quem diga que existem truques para perceber se um cogumelo é comestível: “se possuir anel em volta do tronco do cogumelo, uma aliança de prata ou colher de inox não oxidar quando colocada ao lume junto dos cogumelos.” Tal como Célia, o melhor é “não arriscar se não se conhece” e deixar a apanha de cogumelos aos especialistas. Ao Mar d’Estórias, cabe apenas prepará-los com os temperos tradicionais da nossa cozinha e esperar que venha saborear estes tesouros da terra sem preocupações!
NOTA: se pretende saber mais sobre a apanha de cogumelos deixamos-lhe este guia: www2.icnf.pt/portal/agir/boapratic/resource/doc/guia-colet-cog
Artigo com o apoio do Mar d’Estorias
O Mar d’Estórias visa ser um espaço inovador de valorização de tudo o que é Português, com especial ênfase para o Algarve. Este espaço pretende proporcionar a passagem equilibrada entre as diferentes secções de loja, restaurante e espaço-casa, que culminam num bar-terraço a céu aberto e com vista sobre o mar.
Facebook: www.facebook.com/mardestorias
Instagram: www.instagram.com/mardestorias
Website: www.mardestorias.com
Redes Sociais