É nas subtilezas da confecção, bem como através de saberes passados de geração em geração que assenta a riqueza da gastronomia regional portuguesa. E, se há pratos identificadores do património culinário algarvio o carapau alimado é, sem dúvida, um deles.

Característico da zona costeira algarvia, de quando era necessário preservar o peixe na salmoura, este prato ilustra a simplicidade e o purismo deste ingrediente tão apreciado por nós, algarvios.

Nos dias de hoje, apesar de termos diversas formas de preservar e consumir peixe fresco, os carapaus alimados ainda constituem um prato muito apreciado, principalmente no verão com uma boa salada de tomate e batatas novas cozidas.

Pode parecer contrassenso, todavia, mesmo precisando de conservação prévia pela sábia técnica da salga, o carapau tem de estar a “saltar de vivo” para que seja possível manter os seus sabores autênticos. Assim explica Maria Rosa, de Barão de São João, enquanto amanha e tempera o peixe.

Ti’ Rosinha, como é conhecida, partilhou com o Mar d’Estórias a receita deste prato que serve semanalmente em sua casa, durante o verão:

“Compram-se os carapaus fresquinhos na praça e retira-se a cabeça e a tripa. Lava-se com água corrente e tempera-se o peixe com uma quantidade generosa de sal marinho. É, depois, colocado em camadas num alguidar perfurado onde fica a tomar de sal durante 4 horas, pelo menos. 

Num tacho, depois da água levantar fervura, coloca-se o peixe e deixa-se cozinhar 5 minutos ou quando o rabo do peixe sair com facilidade. Retira-se do lume, junta-se água fria ao tacho e deixa-se o peixe arrefecer. Só se alima o peixe no final do dia ou no dia seguinte”.

O processo de alimar o carapau não é mais do que lhe retirar a pele e a serrilha por completo. Daí este afamado prato ser denominado de carapaus alimados.

Tradicionalmente, os carapaus alimados são servidos após terem sido temperados generosamente com azeite, vinagre ou limão e bastante alho laminado ou esmagado. Também é usual adicionar-se cebola e salsa a gosto.

A todos os amantes de peixe que ainda não provaram esta iguaria, o Mar d’Estórias desafia-o a rumar até ao sul para um almoço tipicamente algarvio.

Dicas:

  1. Retirar a espinha do umbigo do peixe para que a sua polpa fique mais firme;
  2. Pode solicitar na banca do peixe que prepare logo os carapaus para o efeito;
  3. Opção de mergulhar o pescado em água fria, antes de servir, para dessalgar mais um pouco.

Artigo com o apoio do Mar d’Estorias

O Mar d’Estórias visa ser um espaço inovador de valorização de tudo o que é Português, com especial ênfase para o Algarve. Este espaço pretende proporcionar a passagem equilibrada entre as diferentes secções de loja, restaurante e espaço-casa, que culminam num bar-terraço a céu aberto e com vista sobre o mar.

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