Neste momento estou responsável por toda a parte da produção da Dão Sul, desde a recepção dos vinhos a granel das diferentes regiões onde o grupo labora até à preparação desses mesmos vinhos para engarrafamento
Luís Santos, enólogo, natural de Mealhada, cedo despertou para o mundo dos vinhos, por tradição familiar, como qualquer bairradino. Os seus pais têm uma pequena vinha, de que tem feito ao longo dos últimos anos o seu campo pessoal de ensaios, e onde desde novo ajudava desde as podas até à vindima.
Qual o percurso profissional?
A tradição familiar levou-me a tirar um curso na área da agricultura em Coimbra, durante o qual me especializei em Viticultura/Enologia com um Erasmus em Piemonte – Itália. Fiz a minha primeira vindima no mercado de trabalho, ainda como estudante, na Sogrape – Vinhos em S. Mateus, Anadia, local onde também faria a minha tese de final de licenciatura. Acabando o curso, passei a trabalhar para a Dão Sul – Sociedade Vitivinícola SA, no qual estou até aos dias de hoje (5 anos).
Quais foram os seus maiores desafios?
Na Dão Sul, já fiz praticamente de tudo o que se pode fazer em enologia. Mas o grande desafio foi posto desde que a nova direcção de enologia entrou no grupo (2011), pelo eng. Osvaldo Amado. Neste momento estou responsável por toda a parte da produção da Dão Sul, desde a recepção dos vinhos a granel das diferentes regiões onde o grupo labora até à preparação desses mesmos vinhos para engarrafamento, tudo centralizado em Carregal do Sal, incluindo também a parte da vinificação até ao engarrafamento dos vinhos da marca Cabriz.
O que pensa do serviço de vinhos nos restaurantes?
Na grande maioria dos restaurantes ainda é muito básica, desde as temperaturas de serviço até à escolha dos copos, mas já se vem vendo alguma evolução. Nos restaurantes de topo, já se encontra uma grande preocupação neste aspecto, com o vinho a ser tratado com o respeito que merece, proporcionando uma experiência agradável ao cliente.
Qual foi o melhor vinho que teve oportunidade de provar?
À cerca de 3 anos, champagne Bollinger La Grande Annee Brut, 1992.
Qual a experiência em restaurante que melhor o impressionou?
Restaurante Arcadas no Hotel Quinta das Lágrimas, Coimbra, jantar vínico. Pela conjugação de vinhos de excelência com iguarias preparadas para harmonizar com os vinhos. Serviço de restaurante exemplar.
O que acha da penetração dos vinhos Portugueses no Mercado mundial?
A exportação dos vinhos portugueses tem aumentado a cada ano que passa e a tendência é de continuação. No entanto, ainda há muito trabalho a ser efectuado nesta área, os vinhos portugueses ainda ocupam uma cota de mercado muito pequena se comparada com o seu real valor. São vinhos conhecidos no exterior como boas compras, pela sua relação qualidade-preço. A marca “Vinhos de Portugal” tem de continuar a ser trabalhada para dar nome aos vinhos portugueses. Na minha opinião, os nossos vinhos estão ao nível do que de melhor se faz no Mundo, no entanto, em termos de promoção, ainda nos falta atingir um patamar de excelência, excluindo o caso dos Vinhos do Porto, que é de tremendo sucesso daquilo que os nossos vinhos podem conseguir lá fora.
por Mário Rodrigues
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