A nova edição do Dona Matilde Vinha do Pinto reedita o tempo e o carácter do lugar para nos oferecer um tinto unoaked de elegância e harmonia surpreendentes, de uma vinha quase centenária. 

Como um sábio. A Vinha do Pinto da Quinta Dona Matilde parece conhecer tudo do lugar, numa contabilidade de ciclos da vinha, mais de 90, a que acrescenta uma capacidade de resposta e de adaptação, seja a anos de bonança e abundância ou de intempéries e escassez.

A personificação pode parecer excessiva, mas é impossível ficar indiferente ao envolvimento do viticólogo da Quinta Dona Matilde, José Carlos Oliveira: “O gozo que me dá beber o Vinha do Pinto, neste momento, é tão forte que me basta. Não me importa como vai evoluir e se esta é uma edição melhor do que a de 2019. Este vinho expressa uma vinha, recatada dos exageros do Douro numa encosta virada a nascente, que nos oferece frutos de um equilíbrio e harmonia surpreendentes”.

É quase uma gratidão, esta capacidade de “de absorver e integrar as diferenças próprias de cada ano, mantendo, ao mesmo tempo, o carácter único, a identidade exclusiva do lugar”, acrescenta.

Preservar a vinha histórica neste coração do Douro “é um desafio”, sublinha, por seu lado, Filipe Barros, administrador da Quinta Dona Matilde. “A produtividade é muito baixa, dois ou três cachos por cepa, pouco mais de mil quilos por hectare”, anota.

“Estamos a falar de um vinho em que procuramos refletir fielmente o que a parcela representa, com as variantes agrícolas do ano. Fazemos uma vinificação isolada e muito atenta, intervimos o mínimo, usamos as leveduras autóctones e sem estágio em madeira”, contextualiza o enólogo, João Pissarra, reconhecendo a ousadia na aposta: “Não há muitos vinhos no Douro de vinhas velhas que assumam desta forma tão frontal o tempo da vinha e a sua história, e, ao mesmo tempo, o tempo do ano de colheita, aceitando-o sem reservas ou máscaras”.

Dona Matilde Vinha do Pinto 2021 é produzido a partir de uvas colhidas em vinha com mais de 90 anos da Quinta Dona Matilde. Vinho com grande complexidade e equilíbrio, de perfil vinha velha duriense, com notas vegetais, de esteva, do bosque e da fruta madura. Vinificação em inox, durante 18 meses, sem estágio em madeira e fermentação com leveduras autóctones.

Tem um teor alcoólico de 14%, tendo sido produzidas 3000 garrafas com o PVP de 50 euros.