Setenta anos de vida, sete colheitas selecionadas, a melhor de cada década, a edição única do novo Moscatel velho da Adega de Favaios que reflete o dinamismo desta cooperativa histórica do Douro

O novo moscatel comemorativo dos 70 anos da Adega de Favaios não é apenas um vinho raro, de coleção e único. É também reflexo do espírito cooperativo que esta adega do Douro tem sabido reinventar e que se materializa, nesta data, com a oferta a cada sócio de uma garrafa deste vinho celebrativo.

“Escolhemos a melhor colheita de cada década de vida da adega, procurando criar um moscatel simbólico e representativo da cooperativa”, explica o enólogo principal, Miguel Ferreira, reconhecendo que o lote tem “vinhos com perfil bastante diverso e que motivam diferentes preferências”. O resultado final, no entanto, só pode ser de excelência, conclui: “Este vinho de comemoração associa a jovialidade e frescura dos moscatéis mais jovens à delicadeza e harmonia dos mais envelhecidos. Nesse sentido, é um vinho que revela também o melhor da variedade Moscatel, proporcionando o prazer de um vinho envelhecido, mas sem perder o carácter da casta”.

Integram a edição limitada do Moscatel Adega de Favaios 70 anos colheitas já fora do mercado (1964, 1975), algumas ainda em comercialização (1980, 1999) e outras em reserva de património da adega (2007, 2011 e 2020). Edição limitada de duas mil garrafas e um PVP de 150 euros.

Reconhecida pelos seus moscatéis, a Adega de Favaios é o principal produtor deste tipo de vinho fortificado na Região Demarcada do Douro (80%) e líder no mercado nacional (52%).

Para esta boa prestação contribuem os investimentos realizados nos últimos 20 anos na modernização do centro de vinificação, assim como a existência de uma equipa coesa e estável (atualmente, a cooperativa tem 45 funcionários) e a fidelização dos 481 associados, quase todos os produtores da freguesia de Favaios.

No final de 2021, a Adega de Favaios tinha em armazém 9,5 milhões de litros de moscatéis em envelhecimento. A maior parte deste património destina-se ao Moscatel Adega de Favaios e Favaíto, as duas marcas emblemáticas da cooperativa. Este moscatel não tem um número mínimo de anos de envelhecimento, mas a cooperativa optou por comercializá-lo apenas depois de três anos de estágio. 

“Temos sempre dentro de portas o triplo do moscatel que vendemos anualmente. É um investimento no futuro e na qualidade. São estas reservas que nos permitem manter um perfil constante no nosso moscatel clássico. É um selo de segurança e de confiança. É este moscatel que ganha medalhas de ouro”, explica Mário Monteiro. A par, acrescenta, “fomos deixando ficar a envelhecer moscatéis selecionados das melhores uvas e dos melhores anos.

Os moscatéis Reserva e 10 anos da Adega de Favaios são os mais vendidos dentro da gama de moscatéis com maior envelhecimento, mas a cooperativa comercializa também moscatéis de colheitas específicas, tendo atualmente no mercado edições de 2000, 1999, 1989 e 1980 (garrafa comemorativa Siza Vieira). A adega possui ainda moscatéis mais antigos que já não estão à venda (1964 e 1975).

A casta Moscatel tem um percurso no Douro muito ligado ao do Vinho do Porto, sendo o processo de vinificação idêntico. Desde cedo, no entanto, terá revelado excelente adaptação ao planalto de Favaios, sendo considerado um vinho do Porto especial, de uma única casta, particularidade que as grandes casas do Douro destacavam, a partir do século XIX, em garrafas rotuladas com o nome Moscatel.

A distinção do moscatel face ao vinho do Porto aconteceu a partir da crise provocada pelo excesso de produção de vinho no Douro, no inicio do século XIX, e que culminou por decretar a interdição de aguardentar mostos de uvas vindimadas acima dos 500 metros de altitude. Por força desse decreto de 1935, Favaios ficou proibido de produzir vinho fortificado, o único que tinha valor económico à época.

Esta limitação de produção – e de comercialização, uma vez que só as casas exportadoras do Porto e Gaia podiam vender o vinho fortificado do Douro – motivou a criação da Adega Cooperativa de Favaios, em 1952. A partir de então, Favaios adquire uma capacidade reivindicativa que, a par da persistência, acaba em bom porto para os seus viticultores. Em 1967, a direção da cooperativa regista a marca Moscatel de Favaios, ficando sua única proprietária – o que explica que hoje Adega de Favaios e Moscatel de Favaios sejam sinónimo para muitos consumidores.

Em 1982, a denominação Moscatel do Douro passa a ser reconhecida e protegida.