Uma das coisas que mais o atraiu foi poder aplicar os seus conhecimentos em algo de que gosta muito, vinha e vinho.

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Pedro Pereira Gonçalves, enólogo, natural de Lisboa, desde sempre sentiu um enorme apelo pelo campo e pela agricultura, que mais tarde se concretizou quando entrou em Agronomia onde rapidamente assumiu fascínio pela viticultura e enologia. Hoje em dia, no seu  grupo de amigos são quase todos enólogos.

Qual o seu percurso profissional?
Licenciei-me em Engenharia Agronómica, no ramo Viticultura/Enologia e fiz o meu percurso inicial na Herdade do Esporão em 2001, Douro em 2002 e 2003, em 2004 tive a primeira experiência fora de Portugal, na Austrália na adega Hardys Wine Company- Canberra Winery. Em 2004 voltei ao Alentejo para trabalhar com um grande amigo Frederico Vilar Gomes na Herdade da Malhadinha-a-Nova e durante 2005 fui enólogo consultor de várias adegas da Beira Interior e da Casa de Santar no Dão.
De 2006 a 2012 fui director de Enologia/Viticultura da adega Vale d’Algares no Ribatejo tendo em 2008 trabalhado como enólogo assistente na Kumeu River Winery, com MW Michael Brajckovich na Nova Zelândia, e adega Trinity Hill, com John Hancock também na Nova Zelândia. Em 2009 estive na Concha y Toro, Almaviva e Clos Apalta, com Ignacio Recabarra no Chile.
Desde 2012 sou Director Geral do Monte da Ravasqueira em Arraiolos.

Quais foram os seus maiores desafios?
Produzir e criar do zero um projecto de vinhos premium numa região como o Ribatejo sem exemplos, na altura, com o reconhecido valor que teve. Assumir a responsabilidade da viragem qualitativa dos vinhos do Monte da Ravasqueira com a história e valor que o projecto já tinha.

O que pensa do serviço de vinhos nos restaurantes?
Ainda existe um grande trabalho a fazer de sensibilização das pessoas responsáveis. E não existe a noção da parte de alguma restauração que quando um cliente pede uma garrafa de vinho tem que ser tão bem servido e ficar tão satisfeito como com a comida. Assistimos ainda a uma desvalorização da importância deste serviço.

Qual foi o melhor vinho que teve oportunidade de provar?
Foram muitos os que ficaram na memória e depende muito da ocasião e do momento, mas destaco o Wynns Black Label 1998 de Coonawarra, Austrália o melhor Cabernet Sauvignon que algum dia provei.

Qual a experiência em restaurante que melhor o impressionou?
Não tenho nenhuma em concreto. Sou surpreendido e fico impressionado sempre que o serviço de vinhos é tão bom ou superior ao serviço de comida.

O que acha da penetração dos vinhos Portugueses no Mercado mundial?
Estamos a pouco e pouco a aumentar as nossas exportações o que significa que a penetração está a acontecer. Deveria ser uma penetração conjunta, de regiões, de estilo de vinhos e não uma penetração individual de marcas. Se olharmos para os exemplos que temos da penetração dos vinhos italianos ou chilenos nos outros mercados assenta tudo em estilo de vinhos, em castas em características concretas de cada país ou região. Isso ainda não conseguimos fazer e é a única forma sustentada de penetração no mercado externo a longo prazo. Falamos todos de carácter e terroir mas não o conseguimos transmitir e vender.