Um sonho antigo e o apelo telúrico exercido pela mais antiga região vinhateira, foram os dois ingredientes que levaram Abílio Tavares da Silva, ex-informático, a vender as empresas que detinha em Lisboa e rumar ao Douro com a família para aí produzir vinhos
Licenciado em informática e pós-graduado em gestão, Abílio Tavares da Silva possui ainda licenciatura em enologia pela UTAD. Foi sócio e fundador de várias empresas na área do software financeiro e dos call centers, entre elas a Altitude Software, a Audaxys e a Teleperformance. A sua experiência na gestão de empresas a operar em diversos mercados internacionais, a rede de networking, os conhecimentos em enologia e o espírito empreendedor são ferramentas críticas para o sucesso de Foz Torto. Em maio de 2013, o projeto Foz Torto foi uma das quatro empresas vencedoras da primeira edição do Prémio Douro Empreendedor, na categoria “Douro uma boa região para investir”, graças à invulgar e inspiradora história protagonizada pelo seu promotor.
Tudo se deve a uma história pouco comum. No ano 2000, Abílio Tavares da Silva decidiu mudar de vida. Vendeu as empresas que detinha em Lisboa – uma delas, a empresa de serviços de Call Center Plurimarketing foi vendida ao grupo francês Teleperformance, hoje líder mundial na área – e rumou com a família até ao Douro, à procura de um local que lhe permitisse produzir vinhos na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo. Encontrou o sítio ideal depois de uma longa procura: uma propriedade com 14 hectares em pleno coração da região vinhateira, com vistas fantásticas e uma exposição privilegiada para a produção de vinhos: sul e poente. Seguindo um detalhado projeto de reconstrução, o produtor manteve três hectares de vinhas velhas plantadas em socalcos e replantou cerca de 80 por cento da propriedade com castas tradicionais durienses (Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz, Tinto Cão e Tinta Barroca, entre outras). A par da recuperação da quinta foi, igualmente, reconstruída uma velha adega no centro do Pinhão. O projeto, da autoria do arquiteto Paulo Gomes, deu vida nova a uma adega tradicional em avançado estado de degradação. Com uma intervenção contemporânea, que respeita a traça e os materiais tradicionais, o edifício vai ser em breve o centro de receção de turistas. Abílio Tavares da Silva prepara-se agora para a reconstrução da velha ruína da propriedade, centro do futuro projeto de enoturismo de Foz Torto. A inauguração desta unidade com 8 quartos está prevista para 2015. Foz Torto envolveu já um investimento de 2,5 milhões de euros, sendo que a finalização de todo o projeto, enoturismo e vinhos, está orçada em mais 1 milhão de euros. De empresário de sucesso a viticultor “Queria construir algo novo, especial, feito e pensado ao pormenor. Um espaço para produção de vinhos de elevada qualidade, mas também um local para ser vivido e fruído com calma. Para sentir os cheiros e aromas, provar as frutas e ‘degustar’ a paisagem”, afirma Abílio Tavares da Silva.
Neste projeto, desde o tratamento das cepas, até ao engarrafamento, todos os pormenores são tidos em conta. A liderar a equipa responsável pelos vinhos Foz Torto está Sandra Tavares da Silva, uma das mais reconhecidas enólogas nacionais, criadora de alguns dos vinhos portugueses com classificações mais elevadas no estrangeiro. No início de 2013 foram lançados os primeiros vinhos Foz Torto: um tinto de 2010 e um Reserva branco de 2011. No final do ano foram os Foz Torto tinto 2011 (Touriga Nacional, Touriga Franca e, em menor quantidade, Tinta Francisca, Sousão, Barroca, Tinto Cão e Alicante Bouchet), o Foz Torto Vinhas Velhas tinto 2011 (vinhas velhas com mais de 30 castas) e o Foz Torto Vinhas Velhas branco 2012 (vinhas velhas, maioritariamente códega do larinho e rabigato, de propriedade adquirida em Porrais, Murça)
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