Nasceu em Beaune, França. Presidente da famosa Maison Louis Jadot desde 1992, um dos mais prestigiados produtores de vinhos da região de Borgonha em entrevista ao Alivetaste. A Heritage Wines passou a distribuir os seus vinhos em Portugal.
por Mário Rodrigues
Desempenhou as funções de Diretor Assistente, sob orientação do seu pai, André Gagey. Tendo vivido a juventude na Borgonha, Gagey esteve sempre ligado à tradição e cultura de vinho da região. Juntou-se oficialmente à Maison Louis Jadot em Janeiro de 1985, tendo iniciado a sua formação em várias funções nas vinhas, adegas e administração, sob orientação do seu pai, Diretor-Geral na altura e do Diretor de enologia, Jacques Lardière.
Gagey é licenciado em engenharia informática, com MBA pelo Institut des Hautes Etudes Commerciales em Paris. Foi Presidente da Fédération des Syndicats de Négociants-Eleveurs de Grande Bourgogne e Vice-Presidente do “Comité National de l’INAO”. Atualmente é Presidente do Burgundianboard (BIVB), representando todos os produtores de Borgonha. Gosta de praticar caça, golfe, ski, jogar bridge e ler. É casado e tem quatro filhos.
Como e quando despertou para o mundo do vinho?
A minha família é de Borgonha há várias gerações e eu nasci em Beaune, onde vivi a minha juventude. Depois de uma ausência para estudar, regressei em 1985 para trabalhar com o meu pai e assumi as suas funções em 1992, quando ele decidiu reformar-se.
Qual foi o seu maior desafio desde que teve início a sua atividade nesta área?
Na Borgonha, produzimos vinhos há 2.000 anos e as nossas vinhas foram moldadas por gerações de produtores de vinho. O nosso maior desafio é ter a humildade de perceber que não devemos interferir com este património e que o homem deve estar ao serviço do terroir e do vinho e não o contrário. Uma vez que isto é entendido, é possível ser moderno, inovador e procurar melhorar na qualidade, precisão, pureza, ou seja, honrar a alma dos vinhos da Borgonha.
O que acha do serviço dos restaurantes e hotéis Franceses relativamente ao serviço de vinhos
Depende obviamente dos hotéis e dos restaurantes. Na larga maioria de estabelecimentos com sommelier, o serviço é geralmente muito bom, embora a qualidade dos vinhos não esteja sempre ao nível que deveria. Nos últimos anos, os restaurantes franceses têm demonstrado um importante esforço para melhorar a apresentação dos vinhos (temperatura, escolha de copos, etc.), mas ainda há um caminho a percorrer.
Qual o vinho que teve oportunidade de provar que mais o surpreendeu e de que país?
Como eu fui criado com os vinhos da Borgonha, o meu palato procura em primeiro lugar a elegância, delicadeza, força, precisão e pureza. Esta é a razão pela qual os vinhos que me surpreenderam mais na vida são (e digo-o com sinceridade) os vinhos da Borgonha. Entre eles, oRomanée Saint-Vivant 1949 da Maison Louis Latour deixou-me memórias inesquecíveis. Foi servido na casa do meu pai em 1990 e provavelmente não foi só o vinho que me marcou, mas também o local e o ambiente que fizeram deste momento uma espécie de magia, expressa através daquela garrafa delicado e sutil.
Qual o restaurante que lhe proporcionou uma experiência inesquecível e porquê?
Preservo na memória um jantar no Lameloise com a minha mulher e os meus filhos, em que estávamos a celebrar o 50º aniversário da minha mulher. Lameloise é um restaurante clássico e a sua cozinha é leve e refinada. Este é certamente o melhor restaurante francês em relação qualidade/preço.
O que acha sobre a evolução dos vinhos Portugueses no mercado Francês?
França é um dos maiores produtores de vinho e infelizmente um pouco egocêntrico. É por isso muito difícil para os produtores de outros países terem sucesso em Franca. No entanto, eu acredito que os vinhos portugueses têm uma boa oportunidade, dadas as boas relações de amizade entre França e Portugal e ao fato de muitos portugueses viverem em França, sendo estes os melhores embaixadores do vinho português. A qualidade dos vinhos tem vindo a crescer consideravelmente nos últimos anos, especialmente nos vinhos tintos e neste momento conseguem oferecer excelente qualidade a um bom preço. Existe ainda, contudo, um pequeno handicap, que se prende com o facto dos franceses amantes do vinho do Porto ainda acreditarem que Portugal apenas produz vinhos fortificados.
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