Stramuntana, em mirandês (a língua oficial da comunidade mirandesa em Portugal e por decreto, desde 1999- Lei 7/99 de 29 de Janeiro), “transmontana”, é uma aposta clara do verdadeiro espírito transmontano que esta casa transmite, começando pelo nome em mirandês e passando por toda a cozinha de conforto aqui praticada pela chef Lídia Brás

Fernando Araújo e Lídia Brás são um casal que transmite a paixão das raízes transmontanas de Lídia em que Fernando se integra, apesar de minhoto. Ele na sala e ela na cozinha, fazem um duo imbatível: o prazer da mesa e do bem receber, caraterístico de um bom transmontano que se preze, está bem presente.

Esta alma é colocada por Lídia Brás na cozinha que pratica e que passa por variados pratos por todos conhecidos e aqui bem trabalhados: caldo de cebola; papas de sarrabulho; pica no chão; posta de vitela; alheira tradicional de Macedo de Cavaleiros com batata a murro e grelos. Por encomenda, butelo com casulas; javali; veado; entre outros, alguns servidos em barro negro de Bisalhães. Outros pratos estão ainda presentes como folhados de vitela e cogumelos; bacalhau em crosta de alheira; entrecôte com cuscuz ou um inovador pudim de grelos.

Fernando tem conhecimento aprofundado e alargado sobre vinhos, tendo uma garrafeira invejável onde alguns vinhos estrangeiros estão bem integrados, e da qual tira grande partido para o serviço que presta aos seus clientes, de entre os quais se destacam vários comensais da área vínica que aqui são habituês.

Tudo isto se saboreia numa sala rústica, simples, na qual a decoração transmontana é peça central, com caretos de Podence, gaitas-de-foles, cabaças e referências a Miguel Torga, não faltando um vocabulário Mirandês-Português, num trabalho de Moisés Pires, já com várias edições e apoiado pela Câmara Municipal de Miranda do Douro.

Um espaço a não perder, onde a cultura regional é transposta para o ambiente urbano da cidade invicta… e do resto do mundo, dando a conhecer as suas raízes.

Mansica, quanto gusto de te oubir
Nas falas dua mai pa 1 sou nínico,
Quando 1 beisa, 1 fai fiêstas i 1 fai rir…
Quando 1 pon nun canastro, acoxadico,
1 le canta 1 rô-rô para drumir….

 Excerto de “Fala Mirandesa” in Pequeno vocabulário Mirandês-Portugês

Texto Mário Rodrigues
Edição Ana Cristina Silva