As novidades Costa Boal incluem um Porto centenário e novos tintos topo de gama que confirmam o dinamismo deste produtor de Trás-os-Montes e Douro

Quase três meses de vindima, de meados de Agosto ao final de outubro em 2019, é um bom indicador da azáfama em torno do projeto Costa Boal. Os cinco vinhos Costa Boal no mercado refletem a aposta deste produtor de Trás-os-Montes e Douro em vinhos topo de gama.

Comecemos pelo legado e história, o Costa Boal Very Old Port. Tesouro guardado durante sucessivas gerações na adega da família, na aldeia de Cabêda, Alijó, este Tawny muito velho não tem registo escrito do seu percurso, mas é provável que possa incluir partes de lotes de Vinhos de Feitoria, os melhores do vinho fino do Douro como é, ainda hoje, conhecido o Vinho do Porto guardado pelos viticultores locais nas suas adegas no Douro. Sabe-se, no entanto, que este Porto agora engarrafado é quase centenário.

Mantemos o foco no Douro e no Costa Boal Homenagem 2011, tinto Reserva de ano mítico, 2011, rótulo em memória ao pai Augusto Boal, viticultor e pequeno produtor no Douro,  que tem a particularidade de ser originário de uvas colhidas em vinha da aldeia de Cabêda, Alijó. União harmoniosa e única, portanto, entre concentração (do ano) e frescura (do lugar com altitude e afloramentos graníticos), apurada pelo refrescamento (15%) com dois vinhos varietais de 2017, Tinto Cão e Sousão, dos quais, aliás, se falará no futuro próximo. Para completar a homenagem, António Costa Boal vai doar 10 por cento da receita deste vinho ao Centro Social de Vilar de Maçada, num gesto de solidariedade que vem de encontro à tradição familiar de contribuir socialmente para o bem-estar na terra natal.

Outra edição especial e topo de gama Costa Boal, o Palácio dos Távoras Gold Edition 2016, é um blend feito na vinha, seleção de uma parcela específica da vinha velha em Chelas, Mirandela, Trás-os-Montes. Como é habitual nas vinhas antigas da região, a diversidade de castas plantadas não é distribuída uniformemente, resultando parcelas com perfil diferente umas das outras. É o assumir de uma dessas manchas – no caso, com predominância de Alicante Bouschet, Baga e Touriga Nacional –  e a valorização de um conhecimento empírico ancestral da vinha que leva ao surgimento desta edição especial.

Igualmente da Quinta dos Távoras, o novo Bastardo 2018 da Costa Boal reafirma a vitalidade do projeto. Casta com tradição nas vinhas da região, parece agora estar a recuperar o prestígio do passado, revelando produzir vinhos que combinam bem com comida mais elegante e saudável, muito na linha das novas tendências alimentares. O Palácio dos Távoras Bastado enquadra-se na perfeição neste contexto, um vinho delicado, de pouca concentração e finesse que acompanha muito bem as novas dietas. 

O Flor do Côa Reserva branco 2018 era a referência em falta no portefólio Costa Boal, fazendo par com o Flor do Côa tinto Reserva. Este novo branco Costa Boal é feito a partir de uvas colhidas na Quinta da Pia, Murça, e apresenta perfil de Douro clássico, balsâmico e sem as notas de maracujá que se generalizaram nos vinhos da região a partir dos anos 1950. Teve fermentação espontânea e um mínimo de intervenção em adega, numa atitude ousada e na linha do espírito do projeto Costa Boal.

Herdeiro de uma família de pequenos produtores estabelecidos no Douro desde 1857, António Costa Boal é o rosto e o mentor do projeto Costa Boal. Natural de Cabêda, no concelho de Alijó, o jovem produtor tomou em mãos a gestão das propriedades da família em 2004, tendo em 2008, no seguimento de partilhas, dado nova dinâmica e novo rumo ao projeto de vinhos.

Criada em 2009, a Costa Boal lançou os primeiros vinhos em 2011, na região de Trás-os-Montes (Flôr do Tua e Palácio dos Távoras), iniciando investimentos também no Douro, nomeadamente com a compra de uma quinta em Foz Côa (vinhos Flor do Côa) e a recuperação da adega da família, localizada na aldeia de Cabêda. Em 2012, é inaugurada a adega e armazém com linha de montagem e expedição em Mirandela.

A aquisição da Quinta dos Tojais, em Cabêda, no concelho de Alijó, selou em definitivo o regresso de António Costa Boal às origens (embora se mantenha a residir em Mirandela, onde estudou Engenharia Agrícola e casou), resultando dessa nova aposta a criação de vinhos topo de gama, da qual o Homenagem é a primeira referência.

Atualmente, a Costa Boal possui cinco quintas – Quinta do Vale de Mouro (Foz Côa), Quinta do Sobredo (Vilar de Maçada, Alijó), Quinta da Pia (Porrais, Murça), Quinta dos Tojais (Cabêda, Alijó) e Quinta dos Távoras (Mirandela) – e algumas vinhas mais pequenas, entre as quais uma vinha histórica nas arribas do Douro, em Miranda do Douro, da qual ouviremos falar, seguramente, no futuro. Com excepção de Miranda do Douro, cuja vinha tem mais de 100 anos, as vinhas Costa Boal têm idades entre sete e 60 anos e totalizam uma área de cerca de 50 hectares.

A Costa Boal produz anualmente 150 mil garrafas de vinho, essencialmente comercializadas no mercado nacional (77%), estando a abrir mercados externos.

Entre o portefólio da Costa Boal estão as referências Flor do Côa (dois brancos e três tintos de diferentes gamas) e Costa Boal (o tinto Reserva Homenagem, Porto Vintage 2014 e Porto Tawny Muito Velho), no Douro. Da região de Trás-os-Montes, o produtor apresenta os rótulos Palácio dos Távoras (um branco e cinco tintos, entre os quais os monovarietais Bastardo e Alicante Bouschet, bem como o topo de gama Gold Edition hoje em prova), Quinta dos Távoras (dois vinhos Reserva, um branco e um tinto) e Flôr do Tua (dois brancos, um deles Moscatel Galego, e três tintos de diferentes gamas).

Todos os vinhos têm a assinatura do conceituado enólogo Paulo Nunes.

Flor do Côa Reserva branco 2018

Produzido a partir das castas Códega de Larinho (80%), Rabigato e Viosinho. A fermentação espontânea das três castas em simultâneo demorou 4/5 dias a iniciar e realizou-se em barrica de carvalho francês.  Com intervenção enológica mínima, é um vinho com perfil de Douro clássico, balsâmico. Produção de 2000 garrafas.

PVP: 16 euros

Palácio dos Távoras Bastardo tinto 2018

Produzido a partir de uvas da casta Bastardo colhidas em vinha velha da Quinta dos Távoras, em Mirandela, Trás-os-Montes. Seleção dos cachos na vindima, sempre precoce nesta casta, dado a mesma amadurecer muito cedo no ano agrícola.

Vinho delicado, com pouca concentração e muita finesse, o monovarietal Costa Boal acompanha muito bem pratos leves e pouco calóricos. Produção de 1700 garrafas.

PVP: 18 euros

Palácio dos Távoras Gold Edition 2016

Vinho de lote feito a partir de uvas colhidas em parcela específica da vinha velha (50/60 anos) da Quinta dos Távoras, localizada em Mirandela, Trás-os-Montes. Colheita após colheita, ao longo dos anos, esta parcela foi revelando produzir vinhos diferenciados e de qualidade superior. Sabe-se hoje que na parcela em questão predominam as castas Touriga Nacional, Baga e Alicante Bouschet. Fermentação a temperaturas controladas e estágio durante 16 meses em barricas usadas de carvalho francês de Palaçoulo. Produção de 1145 garrafas 0,75 l e 115 magnuns.

PVP: 90 euros

Costa Boal Homenagem 2011

Produzido a partir das castas Touriga Franca e Touriga Nacional da colheita de 2011. Teve pisa a pé em lagares tradicionais de granito e fermentação alcoólica em lagar durante 8 a 10 dias com trabalho contínuo e temperatura controlada. Estágio em barricas de carvalho francês durante 12 meses e restante tempo em cuba de inox. Engarrafado em 2018, após refrescamento (15%) com vinhos das castas Tinto Cão e Sousão. Produzidas 3000 garrafas.

PVP: 100 euros

Costa Boal Very Old Port

Produzido e envelhecido no Douro durante gerações, tem uma idade entre os 70 e os 100 anos. Não foi refrescado há pelo menos três décadas. Apresenta secura e acidez que impressionam e revela uma intensidade aromática que perdura no ambiente muito para além do momento de consumo. Produzidas 200 garrafas.

PVP: 1240 euros

Azeite Costa Boal Colheita Selecionada 2019

Azeite extra virgem de colheita selecionada de oliveiras em bordadura das quintas da propriedade da Costa Boal no Douro. Cultivares de Cobrançosa, Verdial e Madural. Produção de 2000 garrafas.

PVP: 15 euros