Em homenagem ao rei português  D. Afonso o Gordo, eternamente conhecido por ter sido um bom garfo, Karine Sarkisyan – dona deste espaço e do Ararate – atribuiu o nome  deste famoso monarca português

Apesar de ter nacionalidade arménia, Karine comprometeu-se a conquistar os paladares portugueses antes de dar a conhecer a cozinha do seu próprio país. O D. Afonso o Gordo nasceu no epicentro do rebuliço lisboeta, num dos lugares mais emblemáticos da cidade: as antigas cavalariças do Marquês de Pombal, onde antes já se passeou a nobreza portuguesa e onde, hoje, se podem provar os ex-libris da cozinha tradicional, entre os históricos arcos e paredes de tijolinho, e colunas de pedra. Quantos dos habitantes de Lisboa têm ideia de que este património da cidade está a uma refeição de distância?

A luz fosca, mas direcionada, cria o ambiente ideal para se ouvir cantar o fado. De terça-feira a domingo, as grandes vozes de Cidália Moreira, Tiago Simões, Filipa Carvalho, e outros talentos da canção portuguesa, enchem os 130 lugares deste espaço direcionado para os amantes da boa comida e da boa música.

Na cozinha está o chef João Fragoeiro que se atreve a explorar os pratos mais antigos da gastronomia portuguesa. “Pegámos nos pratos tradicionais e trouxemo-los para o século XXI. Apesar de rica em sabores, a cozinha nacional é simples na apresentação e é nisso que nos focamos – em trazer novas texturas, novas soluções”, desvenda. A grande especialidade é o leitão. Feito à moda da Bairrada, tem o selo de aprovação do Mestre Assador Ricardo Nogueira, que partilhou o segredo de uma carne suculenta de pele estaladiça com o chef.

Em prato vencedor não se mexe. A juntar a este, João Fragoeiro deitou a mão aos restantes e lançou esta nova carta. Os Croquetes de leitão são uma entrada de sucesso, indispensáveis para quem queira provar a versatilidade desta carne. Há ainda a destacar o Pica-pau de javali na frigideira ou a Tábua de cinco queijos nacionais com compota caseira.

Nos pratos principais, o leitão – de fabrico próprio – apropria-se de um risotto, que resulta no Risotto à portuguesa. Há também Lombinhos ibéricos del rei, braseados com pêra desidratada e queijo de Azeitão; Bife da Rainha, um lombo de novilho grelhado; Javali do reino braseado com puré de maçã; e Pernil do Gordo, servido com batata assada e pão torrado – a escolha certeira para quem não teme pratos compostos, de encher a vista (e a barriga).

Como nem só de carne se faz a cozinha típica portuguesa, a oferta é variada e um espelho dos nossos mares: Polvo nacional à Lagareiro, Atum do Império vindo dos Açores com batata vittelote, Perca dos Távoras com funcho grelhado, puré de abóbora e emulsão de beterraba, Tiborna de bacalhau confitado em azeite e citrinos e ainda Açorda à moda da Corte Real, com ovas de bacalhau e camarão.

Apesar de o restaurante ser uma ode à cozinha tradicional, a nova carta oferece ainda um prato vegetariano, o Folhado do marquês, de legumes e cogumelos salteados envolvidos em massa filó com chutney de manga.

Nas sobremesas, destaca-se o Pudim abade de priscos por Miguel Oliveira, conhecido como o especialista deste doce conventual. No departamento da doçaria, servem-se Mousse de chocolate, Baba de camelo, um sortido de tartes tradicionais e a Sobremesa do chef, resultado da sua criatividade e dos ingredientes da época. 

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