Vasco d’Avillez, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVR Lisboa), deu uma entrevista ao Alivetaste sobre as perspetivas de produção da região a que preside e das vindimas 2016

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Presidente da CVR Lisboa, Personalidade do Ano 2015 pelo percurso de excelência ligado ao setor do vinho e consultor na Stilavi Consultadoria Ldª, conta com um percurso de referência com mais de 40 anos no sector do vinho, tendo já assumido cargos como presidente da ViniPortugal, diretor do grupo Symington, Port e Madeira Shippers, vice-presidente de A. A. Calém & Filho, Lda. e, ainda, funções na J.M. da Fonseca Internacional Vinhos.

 

Como está a decorrer a época em termos de evolução? 

Para os Vinhos de Lisboa, o último ano foi excelente quer em termos de produção, quer no que concerne à certificação de garrafas. A Região, no seu total, produziu 110 milhões de litros de vinho, sendo que das 14 regiões vitivinícolas de Portugal estamos no TOP 3 de produção.

Atualmente, exportamos já cerca de 70% do que certificamos e, ao nível da certificação das garrafas, temos registado recordes de ano para ano.

Em 2015, encerramos o ano com um aumento de 20% de garrafas certificadas, mais de 6 milhões do que no ano anterior, com um total de 32 milhões de litros de vinho certificado. Já nos primeiros meses de 2016, os nossos agentes económicos certificaram 9 milhões de garrafas, mais um milhão do que no período homólogo de 2015.

De acordo com este paradigma, estima-se que, com o aumento da certificação de garrafas, se registem valores igualmente crescentes na exportação.

Os Vinhos de Lisboa pelas características distintivas, nomeadamente, a influência do Oceano Atlântico e das cordilheiras de montanhas do centro de Portugal, têm particularidades diferenciadoras que os tornam emblemáticos e reconhecidos quer nacional, quer internacionalmente.

Somos uma Região que tem vindo a assumir força e dinamismo das suas marcas e produtores e, um exemplo disso, são as seis Adegas construídas nos últimos 5 anos e, ainda, a remodelação da Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa, em Torres Vedras, que aumentou a capacidade de produção para 50 milhões de litros.

É um facto que a Região Vitivinícola de Lisboa está a crescer, não só em exportações e certificação de garrafas, como também no que diz respeito à notoriedade – congrega os vinhos mais premiados dos últimos tempos – e á promoção, como foi o caso dos eventos recentes no centro de Lisboa com uma mostra de vinho e produtos gastronómicos da Região de Lisboa ou, ainda, da implementação de uma vinha no centro da cidade Capital.

Quais as previsões para esta vindima que se avizinha? 

Como sabemos, as condições meteorológicas registadas no primeiro semestre fazem estimar uma quebra generalizada na produção nacional. A humidade e a chuva influenciam em grande escala a produção, contudo, os atributos dos vinhos a produzir não parece estar afetada, pelo que a qualidade dos Vinhos de Lisboa irá manter-se.

Estima-se, na Região de Lisboa, uma quebra em torno dos 15% em 2016 – valor que não constitui razão para alarme ou preocupações.

Quais os objetivos da região para o próximo ano no mercado nacional e internacional? 

No ultimo ano, no mercado nacional, as vendas dos Vinhos de Lisboa aumentaram. Mesmo que com menos força do que as exportações, registou-se uma subida de 12,5%, pelo que se estima que continuemos a reforçar a nossa marca e presença ao nível nacional.

Internacionalmente, mantemos como principais mercados os Estados Unidos da América, a China, a Europa do Norte, o Brasil, a Rússia e a União Europeia.

Contudo, estamos a trabalhar para expandir as vendas no mercado do Canadá e manteremos redobrada atenção na evolução da situação financeira de Angola.

por Mário Rodrigues