Uma aposta que já vai no terceiro ano, bem concebida, melhor elaborada e concretizada, com resultados práticos que ultrapassam todas as expetativas que eventualmente se tenham

Realizou-se dia 23, pelo terceiro ano consecutivo, o jantar de trufas no restaurante Egoísta, no Casino da Póvoa do Varzim, que em virtude de ter “overbooking”, se replicou no dia 24 também ao jantar. Foi o segundo ano que tive o privilégio de participar neste magnífico jantar e a evolução, a técnica e a experiência demonstrada pelo chef foram evidentes, no manuseamento deste especial e complexo produto. Em ambiente muito agradável e com uma confeção surpreendente do chef Hermínio Costa, tivemos um jantar com caraterísticas únicas e alguns pratos inovadores e criativos, tendo sido uma degustação com uma enorme qualidade, sentido de estética, tecnicamente bem elaborado, quer do ponto de vista gastronómico quer vínico, pelas excelentes harmonizações aqui apresentadas.

Começámos com uns “ovos mexidos com trufas sobre tosta das mesmas”, tendo sido uma entrada surpreendente acompanhada à altura com um espumante bem marcante pela sua subtileza e envolvência, o elegante Murganheira Vintage 2006, um espumante a não esquecer, que apetece continuar. Passámos ao “risotto de lavagante e trufas Bianchetto”, muito saboroso e harmonizado com um encorpado e pujante Quinta do Monte D’Oiro  Madrigal 2013, um excelente vinho branco com uma presença de boca inesquecível a conseguir estar á altura da criação do chef. Para prato de carne tivemos uma “empada de vitela Mirandesa e trufas de Inverno” com molho de foie gras e bouquet de legumes, que teve também um vinho do mesmo produtor, José Bento dos Santos, o elegante Quinta do Monte D’Oiro reserva tinto 2010, bem à altura do prato. Para finalizar uma nova surpresa, um parfait glacé de chocolate e trufas com uma redução de vinho do Porto, agora na companhia de um Porto Barros 30 anos.

Para quem desconhece, a trufa é um fungo, consumido pelo homem há mais de três mil anos, nasce sob a terra, a uma profundidade de cerca de 30 centímetros, normalmente próximo à raiz de carvalhos e castanheiros. Os porcos ou cães adestrados são quem auxilia na sua localização. Tem um sabor e aroma muito invulgar e agradável, sendo preciso alguma técnica para ser convenientemente incorporado na confeção ou empratamento, podendo ser, quando bem integrado, um enorme valor acrescentado a algumas criações gastronómicas.

Esta aposta do chef Hermínio Costa, vem demonstrar as caraterísticas deste profissional, uma referência de qualidade no panorama da gastronomia nacional.

 por Mário Rodrigues