Os caramelos eram trabalhadores rurais, provenientes das áreas da Beira Litoral e do Baixo Mondego, que vinham trabalhar, sazonalmente, para as propriedades agrícolas da Península de Setúbal

Sopa  730

A partir da segunda metade do século XIX, muitos destes trabalhadores fixaram-se na região e, em particular, na área da atual freguesia de Pinhal Novo, por responsabilidade de José Maria dos Santos, Deputado na Corte e dono de uma vasta propriedade no concelho de Palmela (onde mandou cultivar aquela que foi, à época, a maior vinha do Mundo). A propriedade necessitava de mão-de-obra permanente e foi proposto o arrendamento de parcelas de terreno a estes trabalhadores, contribuindo decisivamente para a sua implantação na região. A base da sua alimentação manteve-se, com base nos produtos que a terra dava – batata, feijão e repolho – acompanhados pelo toucinho e enchidos, provenientes da tradicional matança do porco, que garantia a subsistência da família durante todo o ano.

Pinhal Novo é, hoje, a maior freguesia urbana do concelho de Palmela, mantendo, no entanto, as suas características rurais e operárias, muito ligadas, também, à história ferroviária. A Sopa Caramela é, ainda hoje, símbolo desta comunidade, onde assenta, em larga parte, a origem de Pinhal Novo, e cuja cultura, perpetuada, não só através da gastronomia, mas de um vasto leque simbólico de tradições e caraterísticas, é acarinhada pela população enquanto fonte de consciência coletiva e identidade territorial. (Informação da divisão do Turismo da Câmara Municipal de Palmela)

Um excelente exemplo de recuperação cultural e gastronómica, aqui graças ao trabalho do Turismo da Câmara Municipal de Palmela, e que gostaria de ver replicada por este país fora. Precisamos de recuperar urgentemente este imperdível património.

por Mário Rodrigues

sopa caramela recipiente 730