O maior desafio, foi aos 20 anos assumir a enologia de uma empresa que engarrafava cerca de 2 milhões de garrafas

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João Menezes, enólogo, natural de Águeda, despertou para o mundo dos vinhos em 2003 numa altura em que tinha de escolher a área científica para prosseguir os seus estudos. A escola tradicional não apresentava soluções para aquilo que pretendia, por isso decidiu ir estudar para uma escola profissão e tirar o curso de viticultura e enologia e assim ficar com duas opções para o futuro, continuar os estudos ou poder ingressar no mercado de trabalho, estando especializado numa área. A escolha do curso foi um pouco pelo instinto de que iria gostar e se adaptar a esta área profissional

Qual o percurso profissional?
Comecei por fazer a primeira vindima na Quinta da Aguieira que pertence a Quinta da Aveleda e logo ai confirmou-se a minha escolha acertada que fiz em 2003 aquando de escolher o curso para prosseguir os estudos, nos anos seguintes fiz vindima nas Caves Primavera e novamente na Quinta da Aguieira. Acabo o curso em 2006, ingressei então no mercado de trabalho, na Vinícola Vale do Barro, onde permaneci até 2008. Em 2008 decidi mudar de rumo e optei por ir tirar Enologia na UTAD. Em 2009 e nas férias escolares, fui trabalhar para o Campolargo mas foi no Douro que fiz a vindima, na Quinta de São Luiz, em 2010 a vindima foi novamente no Douro, então na Quinta dos Murças, que pertence à Herdade do Esporão, em 2011 surgiu o convite da Sociedade dos Vinhos Borges para ingressar na empresa, comecei por fazer a vindima na Quinta de São Simão da Aguieira, na Dão, mas posteriormente fui trabalhar para o centro de produção da Lixa, ate 2013, altura do convite da Quinta do Pôpa, realizando assim um desejo antigo de trabalhar no Douro.

Quais foram os seus maiores desafios?
O maior desafio, foi aos 20 anos assumir a enologia de uma empresa que engarrafava cerca de 2 milhões de garrafas

O que pensa do serviço de vinhos nos restaurantes?
Penso que se tem trabalhado bastante bem para melhorar, contudo ainda falta fazer muita coisa. O preço do vinho nos restaurantes tem de descer, os pequenos produtores tem de ter mais visibilidade e o serviço tem de ser melhor, como por exemplo os copos, temperatura do vinho e a informação sobre o vinho e a sua combinação com a comida. Infelizmente os restaurantes que o fazem não são acessíveis a toda a população e isso reflete um pouco a quebra do consumo de vinho no mercado nacional.

Qual foi o melhor vinho que teve oportunidade de provar?
Destaco dois vinhos portugueses, ambos vinhos do porto com mais de 100 anos, um já engarrafado, outro ainda no tonel.

Qual a experiência em restaurante que melhor o impressionou?
Foi fora de Portugal, num restaurante tradicional e completamente vulgar, em que tinham um serviço de vinho de muita qualidade, apesar de não ter vinhos portugueses. Destaco esse restaurante porque é um exemplo para os nossos restaurantes, não é preciso ser um restaurante de luxo para se ter um bom serviço de vinhos e desta forma destacar um produto nacional.

O que acha da penetração dos vinhos Portugueses no Mercado mundial?
A melhoria apresentada na qualidade do produto facilitou a penetração no mercado mundial, mas mais importante que isso foi a fixação das empresas nesses mercados. Claro que as grandes empresas nacionais tiveram um papel fundamental e impulsionador nesse processo, primeiro porque conseguiram conquistar esses mercados, segundo porque conseguiram se fixar e terceiro porque permitiram também a entrada das pequenas empresas nesses mercados. Neste momento conseguimos apresentar produtos com a mesma qualidade que os Franceses ou Italianos falta-nos conseguir atingir a qualidade em quantidade para assim concorrer de igual para igual com os restantes países.