O serviço de vinho a copo é de louvar e implementar. É o futuro neste momento, “sem retorno”. Ainda bem.

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Carlos Lucas, enólogo, natural de V. N. Poiares, Coimbra, despertou para o mundo do vinho depois de acabar a faculdade em Coimbra. Foi para a estação vitivinícola de Anadia fazer um curso de “Produção de produtos não Alcoólicos da Uva”. De seguida ficou no laboratório da Estação a aprender a fazer análises de vinhos e o caminho seguinte foi naturalmente acontecendo.

Qual o seu percurso profissional?
Comecei a minha carreira como enólogo  na região do Dão em 1992 na Adega Cooperativa de Nelas e logo no primeiro ano de Vinificação transformei 5.000.000 de Kg de uvas. No ano seguinte iniciei consultadoria em algumas pequenas quintas na região e seguiu-se a minha entrada como Sócio e enólogo da Dão Sul (Quinta de Cabriz )  mantendo ao mesmo tempo consultadorias enológicas na Quinta do Sobral, no Paço do Cunhas em Santar  e adquiri (1996) a Quinta do Ribeiro Santo em Carregal do Sal.

No ano de 2000 iniciei no Douro a vinificação da Quinta de Sá de Baixo e a Quinta das Tecedeiras. Em 2001 iniciei na Bairrada a Quinta do Encontro. Em 2003 fui mentor do projeto Rio Sol no Brasil, e acrescentei logo de seguida o Alentejo (Monte da Cal) e Estremadura (Quinta do Gradil). Saí da administração da Global wines em 2011 tendo mantido a minha participação acionista até 2014. Criei a Magnum Carlos Lucas Vinhos lda, em Setembro de 2011. Entretanto exerci funções de diretor geral da Idealdrinks desde nov. 2011 até ago. 2014, altura em que a conciliação de todos os projetos começou a ser difícil, pois além da Magnum assumi a enologia da Quinta das Tecedeiras, do projeto da família Monteiro (Piorro- Douro) e no Alentejo o projeto “Maria Mora”

Quais foram os seus maiores desafios?
Fazer vinho no nordeste do Brasil com qualidade e com todas as contingências inerentes  à relutância do mundo do vinho.

O que acha mais relevante na evolução do Mercado dos vinhos?
A globalização do consumo que cada vez mais se generaliza tendo passado pelos EUA e agora chegando à China.

O que pensa do serviço de vinhos nos restaurantes?
Está em relação proporcional com o preço que se paga. É difícil ter um bom serviço por um preço barato, o que se aplica também a qualquer outra atividade comercial.

Qual a sua opinião sobre o serviço de vinho a copo?
É de louvar e implementar. É o futuro neste momento “sem retorno”. Ainda bem.

Qual foi o melhor vinho que teve oportunidade de provar?
Foram muitos e seria injusto se mencionasse um nome.

Qual a experiência em restaurante que melhor o impressionou?
Não é fácil ficar impressionado porque frequento muitos e bons restaurantes pelo mundo inteiro, mas recordo sempre uma refeição que fiz com a minha família no Vila Joya em 2008. Claro que estar de férias ajudou muito, mas sempre digo que a haver um restaurante com  3 estrelas Michelin em Portugal teria que ser o Vila Joya por tudo.

O que acha da penetração dos vinhos Portugueses no Mercado mundial?
Está ainda a anos luz do que realmente podemos todos fazer. Estamos ainda muito inseguros da nossa capacidade e penso que falta “acreditar” e “comunicar”. Talvez mude com a próxima geração do mundo do vinho, pois na minha ainda sofremos muito com as mudanças que tivemos que operar ao nível da produção.

por Mário Rodrigues