Ao contrário do que acontece com a maior parte dos restaurantes, desde a sua abertura, no final de 2015, o LOCO nunca anunciou uma carta nova.

Restaurante Loco do chef Alexandre Silva, Lisboa.
Foto- Paulo Barata, Dezembro 2015

Isto porque na cozinha do chef Alexandre Silva, as alterações no menu acontecem sem grande aviso prévio, ao sabor das estações e da criatividade da equipa. Olhamos agora para algumas das recentes entradas, de um menu que, felizmente, conserva alguns pedidos que se tornaram pratos “clássicos” do Loco.

“A nossa ideia sempre foi irmos introduzindo novos elementos quando se justificasse, para mostrarmos o que vamos criando de forma espontânea”, explica Alexandre Silva, que acrescenta que “o processo criativo sempre foi contínuo; todos apresentamos ideias, técnicas, ingredientes, elementos novos…”. Desde que a equipa começou a trabalhar no I+D, o espaço ao lado do restaurante exclusivo para o desenvolvimento — com o devido tempo e a atenção merecida — de técnicas gastronómicas diferenciadoras, este fluxo tornou-se ainda mais intenso. Exemplo disso, são os pratos que já fazem parte do menu do Loco, que pode ser provado através de duas opções de degustação (de 14 momentos, 80€, ou 18 momentos, 90€).

De resto, a experiência gastronómica mantém-se surpreendente: a algum momento do jantar, o cliente pode ser desafiado a escolher uma chave (sem saber o que ela irá abrir até que a refeição termine), a eleger uma faca de uma gama variada ou a acompanhar o momento final da confecção do seu prato já à mesa. Os frequentadores mais habituais do restaurante não têm com que se preocupar, pois os menus conservam ainda alguns pratos “icónicos”. Não faltam o Pão com Chouriço, a Captura do Dia, que varia consoante o peixe que vem à rede e o momento do Pão (que agora é de trigo integral e cevada torrada, sempre feito a partir da massa-mãe criada aquando da abertura do restaurante), acompanhado pelo azeite, manteiga maturada em água-ardente (há várias a serem criadas no restaurante) e a imprescindível molhanga.

Quanto ao acompanhamento vínico, Emília Craveiro dá os conselhos mais acertados para um wine paring equilibrado, que nos leva a viajar por várias regiões do nosso país e nos permite conhecer com mais profundidade alguns dos vinhos da variada gama disponível no LOCO — e que são todos portugueses. Também Carolina Pereira, a nova responsável pela pastelaria do restaurante, trouxe consigo algumas novidades: para limpar o palato, traz morangos e tomates fermentados com sumo de tomate e óleo de lúcia-lima e, depois, há sempre sobremesas com fruta da época, bastante diferentes daquilo que esperamos como ponto final da refeição.

Em mutação constante, a experiência LOCO continua a explicar, sem margem para dúvidas, como é que um restaurante ganha uma Estrela Michelin oito meses depois de abrir. Mais do que “apenas” um jantar num ambiente agradável com vista para a Estrela, a equipa está sempre empenhada em proporcionar momentos únicos, de proximidade, aprendizagem e deleite.