Ainda bem que naquele dia decidi que seria este o meu futuro, tenho a plena consciência que não estaria realizado profissionalmente se não tivesse escolhido naquele dia o meu curso de Enologia

Foto Carlos Teixeira 700

Carlos Teixeira, enólogo, natural de Amarante. A sua entrada para o mundo dos vinhos foi por coincidência, contrariamente há maior parte dos seus colegas Enólogos não veio de uma família com tradições no mundo dos vinhos; aquando da escolha do curso superior que iria frequentar e numa feliz coincidência reparou no curso de Enologia e na altura achou piada e disse para si mesmo porque não enveredar por este curso, na altura desconhecia completamente o que era o mundo dos vinhos “…e ainda bem que naquele dia decidi que seria este o meu futuro, tenho a plena consciência que não estaria realizado profissionalmente se não tivesse escolhido naquele dia o meu curso de Enologia.”

Qual o percurso profissional?
Tendo terminado o curso em junho de 1997 comecei logo a trabalhar em julho do mesmo ano tendo feito a minha primeira vindima nesse mesmo ano como responsável da Enologia do centro de vinificação da Fiuza & Brigth em Almeirim, tive a sorte e o privilegio de iniciar a minha carreira de Enólogo ao lado de um grande mestre da Enologia mundial Peter Bright, que me ensinou muito do que hoje sei e que me abriu novos horizontes no que respeita há enologia do Novo Mundo. Em Março de 1999 iniciei a minha atividade como Enólogo na Quinta da Lixa, Empresa na qual permaneço até hoje.

Quais foram os seus maiores desafios?
O meu maior desafio foi o mudar o estilo dos vinhos produzidos na Quinta da Lixa, não perdendo a identidade de uma Região, que é a Região dos Vinhos Verdes mas fazer vinhos diferentes, vinhos modernos em que a qualidade pudesse ser reconhecida em todo o mundo e não só num pequeno nicho de mercado que apreciava e conhecia os vinhos que na altura eram produzidos, aliás não só nesta Empresa como em todas as outras da Região. Pelos resultados que hoje temos e pelo reconhecimento que temos tido acredito que foi um desafio ganho.

O que pensa do serviço de vinhos nos restaurantes?
O serviço de vinhos na restauração é ainda hoje em dia muito mau, é claro que existem algumas exceções onde o vinho é servido como deve ser, as cartas de vinhos na maior parte dos restaurantes é também ela muito descuidada e muito limitada. O simples cuidado a ter com os copos é na maior parte dos casos posto de lado, não temos infelizmente um bom serviço de aconselhamento do vinho que deve acompanhar determinada refeição, temos muitas vezes o empregado de mesa a tentar vender o vinho que mais lhe convém ainda que não seja o vinho mais indicado para a refeição que o Cliente vai consumir. Existe um grande trabalho a fazer ao nível da restauração que passa pela formação das equipas que no dia a dia lidam com os vinhos.

Qual foi o melhor vinho que teve oportunidade de provar?
Esta é uma questão difícil de responder, já provei vinhos absolutamente fantásticos, vinhos de estilos e Regiões muito diferentes. Posso por exemplo dizer que um dos melhores vinhos brancos que já provei até hoje foi um Alvarinho Soalheiro Reserva de 2007, ou então o Chateaux Montelena 97, no caso de Sauterne o Chateux D’Yquem 99 foi uma experiencia maravilhosa, no caso dos Vinhos do Porto o Andreson 1900 e 1910 foram outros dois vinhos que qualquer provador no mundo anseia experimentar, no caso dos Tintos o Sassicaia 2003 foi um dos melhores tintos que provei.

Qual a experiência em restaurante que melhor o impressionou?
Foi no Restaurante Fortaleza do Guincho, já estive em restaurantes com serviços absolutamente incríveis mas este foi o que mais me marcou.

O que acha da penetração dos vinhos Portugueses no Mercado mundial?
Felizmente acho que Portugal esta no caminho certo, acho que a cada ano que passa Portugal se afirma mais no panorama dos vinhos mundiais, abrindo novos mercados e reforçando a sua presença noutros, sempre com a oferta de vinhos fantásticos e com uma relação qualidade preço invejável. A diversidade de Castas e microclimas permite a Portugal produzir vinhos de altíssimo nível capazes de agradar ao consumidor mais exigente em qualquer país do mundo.